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quinta-feira, maio 2, 2024

Os jornais andam lado a lado com a história

Publicações são consideradas fontes importantes de pesquisa e de registro dos fatos acontecidos na região, Brasil e mundo

Tiago Monte

Criciúma

O jornal é um veículo de informação utilizado há mais de dois mil anos, tendo início com o imperador romano Júlio César (100 – 44 a.C). De lá para cá, os fatos históricos mundiais são registrados nos periódicos. Desta forma, eles são considerados objetos de pesquisas por parte dos historiadores. “Eu, particularmente, faço muito uso dos jornais como fontes para as minhas pesquisas históricas. E acho de extrema importância o arquivamento dessas fontes. para que outras pesquisas possam ser realizadas. Porque, mesmo uma pesquisa baseada numa determinada fonte, pode servir para tantas outras pesquisas, às vezes dentro do mesmo tema, só que com outra perspectiva de abordagem”, explica o professor doutor Paulo Sérgio Osório, coordenador do Centro de Memória e Documentação (Cedoc) da Unesc.

Para Osório, o jornal é de vital importância para a informação. “Também para a circulação de ideias e, ao mesmo tempo, extremamente importante quando utilizado como fonte de pesquisas diversas, inclusive no campo da história”, diz.

O professor destaca que a história não se faz sem fontes. “Para que tenha história, é preciso que tenha fonte.  Essas fontes, elas são muito diversificadas. Uma delas são os jornais, são os periódicos. E eles são importantes justamente porque retratam uma infinidade de temas do cotidiano local, abordam aspectos de uma região, enfim, de um país e questões que acontecem no mundo”, ressalta.

Cobertura de fatos importantes na região

Completando cinco anos na terça-feira, dia 23, o Tribuna de Notícias acompanhou fatos importantes como a pandemia da Covid-19 e o assalto ao Banco do Brasil. As edições históricas do jornal podem ser vistas na Biblioteca Municipal e no Cedoc da Unesc. “Temos grandes arquivos, grandes hemerotecas. Nós temos a Biblioteca Nacional, que tem um acervo fabuloso, a Biblioteca do Estado de Santa Catarina, que tem um acervo maravilhoso. E mesmo aqui na Unesc, no Cedoc, que é o Centro de Memória e Documentação, nós guardamos conjuntos de fontes documentais que são utilizados para pesquisa, inclusive periódicos e jornais, que são amplamente utilizados”, destaca o professor.

O professor costuma utilizar várias fontes para analisar os períodos históricos. Desta forma, ele tem várias perspectivas sobre o mesmo assunto. “Fonte é fonte. O que eu faço é o cruzamento de duas fontes e dizer que uma aponta para uma direção e a outra aponta para outra direção. E aí eu vou fazer a minha análise e interpretação disso. Esse é o papel de historiador. Não é escolher uma das fontes e dizer que aquilo é expressão do real, do acontecido”, comenta.

Diversas perspectivas do mesmo fato

Conforme Osório, os jornais são fontes que trazem informações sobre temas muito diversos. No entanto, na opinião do professor, os jornais, assim como quaisquer outras fontes, são produção humana e, por isso, precisam de uma análise criteriosa por parte do historiador. “A intencionalidade na produção do documento requer, por parte da história, do historiador, uma leitura, uma análise, uma interpretação bastante criteriosa, principalmente no cruzamento com outras fontes, para assegurar uma perspectiva acerca de um determinado fato”, pontua.

Porém, o professor ressalta a importância dos jornais para o registro da história da humanidade. “A importância é indiscutível. Temos uma série de trabalhos, de pesquisas, de dissertações e teses de livros que foram baseadas, entre outras fontes, nos jornais, nas notícias, naquilo que circulava na época, na forma da abordagem do tema”, diz. “Dentro do campo da história, é uma das fontes mais utilizadas e mais importantes”, completa.

O professor alerta também sobre a importância de conhecer a linha editorial exercida pelo jornal que está sendo lido ou pesquisado. “Nenhuma fonte é desprovida de uma história, porque nós temos que pensar que existe a história do jornal e a história da obra de arte, por exemplo. Então, o quadro do Pedro Américo, do final do século XIX, O Grito do Ipiranga, representa um episódio que teria se dado lá no início do século XIX. A história da composição da tela fala muito das intencionalidades do artista ao compor aquela representação sobre O Grito do Ipiranga. Nesse sentido, qualquer que seja a fonte, ela tem intencionalidades”, explica o professor.

Para Osório, que é professor universitário há 26 anos, os jornais têm sido fontes e têm contribuído para análises historiográficas fabulosas. “Isso desde que começou a surgir a imprensa, desde tempos muito pretéritos, o jornal tem importância e relevância. É uma fonte bastante significativa e bastante utilizada, que traz informações acerca de um determinado acontecimento. Se você pegar qualquer tema, você vai ter sempre visões, perspectivas diferentes acerca de um determinado acontecimento. Eu acho que a riqueza, inclusive, está aí, nessa possibilidade da diversidade de percepções e de abordagens”, finaliza.

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