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sexta-feira, abril 26, 2024

Preços dos carros novos e seminovos seguirão em alta

Tiago Monte

Criciúma

A famosa “Lei de Oferta e Procura” faz os preços dos veículos novos e seminovos subirem desde o final do ano passado. Concessionárias passaram por momentos de grande apreensão com estabelecimentos fechados, ainda em 2020, e agora, comemoram o aquecimento das vendas em um ritmo mais rápido que o esperado.

Só que ainda há alguns “buracos nas estradas” que impedem uma aceleração ainda maior. A falta de insumos tem limitado a produção de carros, deixando alguns modelos com uma fila de espera de meses. Além disso, os preços de matérias-primas vêm disparando. Com a demanda maior que a oferta, mais a pressão sobre os custos, as fabricantes não têm se furtado de aumentar de modo consecutivo, e por vezes exorbitante, os preços dos carros nos últimos meses. “É a ‘Lei de Oferta e Procura’ também. O carro zero teve uma queda forte de produção, por falta de componentes. Isso foi geral, em todas as montadoras, e em nível mundial. A indústria não conseguiu produzir os carros, tanto que tem muita fábrica parada”, explica  o gerente de vendas de uma concessionária de Criciúma, William Nascimento.

Os reajustes sucessivos chegaram a tal ponto que hoje um carro compacto zero-quilômetro pode chegar a custar mais de R$ 100 mil. Mas não foram apenas os carros novos que tiveram os preços constantemente valorizados. Os seminovos talvez tenham sido os mais afetados, já que o consumidor que não estava disposto a esperar meses para estacionar o carro novo na garagem aceitou pagar mais caro em um seminovo. “Começa a entrar menos carro zero no mercado. Desta forma, as pessoas se voltam mais a comprar o seminovo. Não tem o carro zero, o comprador não quer esperar dois ou três meses pelo carro, dependendo do modelo, parte para o seminovo”, diz William.

A falta de acréscimo de carros zero-quilômetro fazem com que o preço do seminovo aumente. “Desta forma, o seminovo começa a ter menos oferta também porque vende menos carro zero. Ou seja, os seminovos estão mais procurados. Se eu deixo de injetar carro zero, que vende e vira seminovo, então, obviamente, acaba também faltando o seminovo”, ressalta.

Cenário é de valorização também na segunda metade do ano

Se engana quem pensa que o cenário se estagnará no segundo semestre. A tendência é que as altas sigam ao menos até o final do ano. “Eu acredito que sim. Já tivemos aumentos, agora em julho, que pesam. A opinião é que deve continuar. Talvez não no mesmo ímpeto que veio no final do ano passado e esse primeiro semestre, mas é uma tendência. Não vimos tendência de estagnar ou reduzir preços. Até porque, reduzir preços no Brasil é algo mais complicado”, diz o Diretor Regional, no Sul de Santa Catarina, da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Renato Costa.

 O Executivo corrobora com os argumentos de William. “Na verdade, a alta dos insumos, em um primeiro momento, e a alta do dólar, que está acontecendo desde o ano passado, porque têm componentes que vêm do exterior, e, um pouco, a necessidade da indústria, principalmente nos carros básicos, de nivelar os preços”, comenta.

Para Costa, alguns exageros eram praticados nos preços a mercados específicos. “As margens eram muito baixas, uma verdadeira loucura que faziam, em vendas para locadoras e PCDs”, pontua. “Com a perda de produção, em nível Brasil, também existe uma tendência natural de tentar recompor um pouco a margem nisso. Mas o principal, sem dúvidas, é a questão dos insumos como aço. São aumentos absurdos, além da inflação que é medida e divulgada pelo governo. Esses são os principais motivos, assim como aconteceu com materiais de construção e outros produtos que têm ido além da conta”, completa Costa.

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