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domingo, maio 19, 2024

Içara: Incerteza para obter a CNH

Tiago Monte

Içara

O sonho de obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) está mais complicado, em alguns municípios da região. A falta de examinadores, para realizar as provas práticas, acaba ocasionando uma demora de até cinco meses para a realização das avaliações. Em Içara, a demora preocupa Maria Eduarda Esiquiel, de 18 anos, que espera desde julho para realizar o exame. “A gente que trabalha tem necessidade. Estou dependendo totalmente dos meus pais para me locomover. Qualquer deslocamento, eu preciso deles. A carteira é importante para mim”, diz.

A jovem iniciou o trâmite em janeiro. De lá para cá, a espera é grande. “Eu comecei as aulas em fevereiro. Fiz as aulas teóricas e as provas. Depois de uns dois ou três meses, fiz as aulas práticas e estou esperando até agora para fazer a prova final”, comenta. “Faz uns quatro meses que estou esperando, então, a autoescola me passou que provavelmente eu faça a prova no final de novembro, mas não é certo. Não tem garantia”, lamenta.

O maior medo de Maria Eduarda é perder a prática de dirigir até a data da prova. “Tenho bastante medo disso. Na verdade, é o que mais me preocupa, pois, enquanto a gente faz as aulas, estamos praticando. Se fizéssemos a prova perto, seria bem mais fácil, com certeza”, comenta.

O caso de Luiz Felipe Martinho Fernandes, também de 18 anos, preocupa, inclusive, o pai, Rafael, que conta com o filho para trabalhar na empresa da família.  “Não sabemos mais o que fazer. Ele fez 18 anos em fevereiro e a gente contava que, nessa altura do ano, ele já teria habilitação porque a gente precisa trabalhar”, pontua. “Ele trabalha comigo. Então, tivemos que mudar toda a rotina. Eu trago ele até o trabalho, então saio para fazer o que preciso, mas ele precisa de mim para almoçar e fazer outras voltas. Ele poderia estar dirigindo e com independência”, completa Rafael. Luiz Felipe só deve prestar a prova em fevereiro. Ou seja, mais, ao menos, três meses de espera.

Falta de efetivo preocupa os delegados

Em Içara, há somente uma pessoa para os exames práticos de condutores e, além da demanda em crescimento, a dificuldade é maior, neste momento, pois o policial responsável está em férias. “Não haverá avaliação, pois o servidor está de férias. Não existe outro policial habilitado, na região, que tenha agenda para cumprir isso. Então, infelizmente, vai ficar parado. Só será retomado em dezembro, quando o policial retornar de férias”, pontua o delegado Rafael Marin Iasco.

A possibilidade de uma força-tarefa, com profissionais vindos de Florianópolis, é alimentada pelo Delegado Regional da Polícia Civil, Vitor Bianco Júnior. “Essa situação da falta de examinadores é de conhecimento da direção do Detran e a ideia é fazermos uma força-tarefa e venham examinadores de fora para auxiliar”, confirma.

Bianco garante que o problema existe também em outras cidades da região como Criciúma. “Na realidade, não é só Içara que está com problema. O examinador de Içara está em férias e tenho mais dois: um de licença, que volta semana que vem, e outro que está saindo. Na verdade, a partir do dia 16, eu vou ficar com três examinadores, em um total de cinco, para toda a Amrec”, lamenta.

Caso não haja a força-tarefa, com os policiais da Capital, as provas seguirão sem serem realizadas. “Complica bastante a situação. Já conversei com o pessoal de Florianópolis, na semana passada e ontem (terça-feira) também. A ideia é que eles nos auxiliem nessa situação. Caso não venha ninguém de fora para auxiliar, não tem o que fazer”, comenta.

Autoescolas acumulam prejuízos

Além dos candidatos, as autoescolas também estão preocupadas com a ausência dos examinadores. “Temos clientes que precisam da habilitação para trabalhar e não conseguem. As empresas exigem carteira. Desta forma, tem um desgaste imenso para a imagem da autoescola, porque as pessoas pensam que essa responsabilidade é nossa”, comenta Kleiton Avi, proprietário da Autoescola Fox.

O empresário lamenta o que ele chama de descaso do Estado. “O aluno que termina a aula prática hoje, vai fazer prova em maio do ano que vem. Uns cinco ou seis meses de previsão. O descaso do Estado é grande. Com o período de férias do avaliador, vamos ficar todo o mês de novembro sem provas”, diz.

Kleiton já abriu uma denúncia no Ministério Público para que o órgão apure a situação. “A situação é delicada. A briga é grande já faz muito tempo: o avaliador da Ciretran de Içara é também o supervisor. Com o acúmulo de responsabilidades, ele disponibiliza pouco tempo para fazer as provas práticas. Estamos em um desgaste grande, movimentando diversas pessoas. Inclusive, já fiz uma denúncia no Ministério Público. A comunidade sofre junto com a gente”, finaliza.

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