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sexta-feira, abril 26, 2024

Dia 8 de janeiro: um ano após o ocorrido que marcou muitas vidas

Um dos presos relata os momentos dramáticos da Praça dos Três Poderes à Papuda

Criciúma
Alexandra Cavaler
cidades@tnsul.com

Há exatamente um ano, completados nesta segunda-feira, dia 8, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) informou que 1.418 pessoas haviam sido presas e encaminhadas ao Complexo Penitenciário da Papuda e à penitenciária feminina da Colmeia, ambos no Distrito Federal. Todos sob a acusação de vandalismo e tentativa de golpe de Estado. Do total de presos, 222 foram detidos na Praça dos Três Poderes e 1.196 no acampamento montado no quartel do Exército. Entre eles um morador do Sul do Estado a quem vamos chamar de Pedro, por questões judiciais.

“Eu nunca, na minha vida, me envolvi em política, mas eu olhei pros meus filhos e pensei que eu deveria estar em Brasília, manifestar pacificamente no gramado como fizemos por meses em frente aos quartéis. Todos pacificamente como se fossemos uma família. O que nós queríamos era chegar lá, sentar no gramado e ficar aguardando por esclarecimentos quanto ao resultado das eleições. Se mostrassem um comprovante de que tudo ocorreu normalmente, ok. Voltaríamos para casa e seguiríamos com as nossas vidas. Essa era a nossa intenção, ao menos da maioria”, relatou Pedro, afirmando que é difícil aceitar tantas injustiças. “Fui para Brasília porque eu não acho justo ouvir tanta mentira entre outras coisas, sem questionar, simplesmente aceitar”.

Armadilha

Ainda segundo ele, que está em liberdade há alguns meses, mas segue usando tornozeleira eletrônica, 14 pessoas estavam no mesmo ônibus que saiu de uma das cidades do Sul do Estado. “Alguns desistiram no dia da viagem. Mas, enfim, quando chegamos lá, depois de caminharmos por quilômetros até chegar ao gramado, percebemos que alguns grupos se formaram e pareciam estar em reuniões. Alguns nos diziam para ir, outro que era para a gente esperar. Até que chegamos à Praça dos Três Poderes. Só que não estávamos entendendo direito o que estava acontecendo, o pessoal muito acalorado… Inclusive idosos, deficientes e crianças. Ficamos espantados, mas, ainda assim, passamos pela revista e logo vimos pessoas encapuzadas e poucos policiais, pois a maioria deles estava no Ministério da Justiça, isso nós víamos de longe, e aí ficou ainda mais confuso para nós. Chegamos a comentar uns com outros: isso aqui é uma armadilha, só pode. Porque não estava normal; até porque ficamos meses em frente de quartéis e era diferente”, contou Pedro.

Ainda sobre o gramado, Pedro revelou que em certo momento havia helicóptero jogando bombas de gás nas pessoas que estavam na Praça. “Lançavam as bombas, a polícia cercou de um lado, eu acho que teve a parte da Guarda Nacional, que cercou do outro lado, mas a própria polícia falou: fiquem sentados, não vai acontecer nada com vocês, mas o helicóptero seguia lançando as bombas. Vimos e ajudamos senhoras caídas do chão, nós tínhamos levado garrafas de água o que acabou ajudando as pessoas a lavarem o rosto; ainda assim havia pessoas desmaiando. No começo da noite havia gente avisando para não ficarmos ali nas barracas, e só depois que a gente percebeu que não podíamos mais sair dali do quartel, eles estavam cercando a gente, ficamos encurralados. Pensamos: vamos ficar aqui, não fizemos nada errado. Deixa eles resolverem. Isso tudo na noite de domingo”, disse, ainda revivendo cada momento que passou.

Leia a matéria completa na edição desta segunda-feira, dia 8, do jornal impresso Tribuna de Notícias. Ligue para 48 3478-2900 e garanta sua assinatura.

Mesmo em liberdade, ele segue usando tornozeleira eletrônica – Foto: Nilton Alves/TN

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