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sexta-feira, abril 26, 2024

Desafios visíveis: a luta pela acessibilidade em Içara e Urussanga

Cadeirantes usaram a rede social para chamar a atenção da sociedade e das autoridades dos municípios

Içara/Urussanga
Edson Padoin
cidades@tnsul.com

Dois moradores de Içara e Urussanga, cadeirantes, decidiram dar visibilidade à difícil realidade enfrentada diariamente por pessoas com deficiência em seus municípios. João Paulo Santiago Gregorine e Bruna Gabriela Salvador tornaram-se protagonistas de uma campanha pela acessibilidade, utilizando vídeos compartilhados nas redes sociais para chamar a atenção da sociedade e das autoridades locais.

João Paulo, além de atleta de natação, é um cadeirante engajado na causa da acessibilidade. Ele compartilhou a inspiração para criar um vídeo sobre a falta de acessibilidade em Içara, originada de uma amiga que fez algo semelhante em sua cidade natal. Gregorine enfatiza a recorrência da falta de acessibilidade para pessoas com deficiência, apontando que é um problema não só para cadeirantes, mas para todos os tipos de deficiência.

“É algo que precisa ser visto pela sociedade para que aos poucos ela vá adaptando os locais para pessoas com deficiência”, destaca João Paulo. Ele observa que áreas com maior fluxo de pessoas são mais adaptadas, enquanto bairros e ruas afastadas enfrentam desafios significativos. Rampas mal construídas e a falta de conscientização por parte dos comerciantes e do poder público são obstáculos diários.

“Eu percebo que principalmente as áreas com maior fluxo de pessoas acabam sendo mais adaptadas. Já em locais mais afastados, até ruas aqui mesmo do Centro de Içara, a questão da acessibilidade é muito complicada. Parece que cada vez mais as pessoas ligam menos para acessibilidade, sendo que era algo que deveria ser cada vez mais difundido para que haja o direito de ir e vir de todas as pessoas. Por conta disso, eu vejo que é um processo muito lento e que ele ainda vai demorar muito para ser concluído “, salienta.

João Paulo conta com a ajuda do pai, Constante Gregorine, para conseguir transitar pela ruas de Içara – Foto: Nilton Alves/TN

Cobrança

O estacionamento irregular em frente às rampas é uma queixa constante de João Paulo. Ele aponta a falta de cobrança efetiva do governo e destaca a necessidade de uma mudança de mentalidade por parte da sociedade, para que compreendam que pessoas com deficiência podem levar vidas normais e independentes.

“Acontece muito de motoristas estacionarem o carro em frente às rampas de acessibilidade para cadeirantes, muito mesmo. Além disso, muitas pessoas usam as vagas destinadas para pessoas com deficiência. Eles se acham no direito de utilizar um direito que é nosso, então acaba que tiram o nosso direito de ter um livre acesso a esses locais”, detalha.

O atleta ainda ressalta que falta cobrança do governo e conscientização da população. “A Administração Pública precisa incentivar as pessoas, comerciantes e moradores da cidade para se adequarem à acessibilidade. Apesar disso, falta um pouco das pessoas terem um olhar para o deficiente de que ele pode ir onde ele quiser, tendo uma vida normal. O nosso objetivo na verdade com a questão da acessibilidade é a nossa independência. Muitas pessoas acham que nós sempre vamos depender de alguém para sair de casa. A sociedade em geral ainda não tem a visão de que uma pessoa com deficiência tem uma vida comum”, enfatiza Gregorine.

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