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sexta-feira, abril 26, 2024

Bolachas de Natal: tradição de décadas na família Warmling

Primeiro com a mãe e as irmãs, agora junto às filhas, dona Delmina segue produzindo as delícias da época

Nova Veneza
Alexandra Cavaler
cidades@tnsul.com

Uma tradição quase centenária que iniciou na Escandinávia e se espalhou pelo mundo também faz sucesso e faz parte da história da família Warmling, de Nova Veneza: as bolachas de Natal. É que dona Delmina Warmling Ghislandi desde criança esteve envolvida com a produção das delícias natalinas junto da mãe, da avó, das tias e das irmãs, e hoje perpetua a tradição com as filhas.

Lembranças

A neoveneziana de 72 anos fala das lembranças ao produzir as bolachas e da importância de manter a tradição familiar. “Desde que me lembro, participo da confecção destas bolachas com a minha família. A bagunça junto das minhas irmãs, a espera ansiosa da liberação da mãe para que agente pudesse experimentar, das brincadeiras ao decorar cada uma delas e do meu pai, que todos os anos fazia as bolachas com a letra inicial de cada um dos filhos e carinhosamente nos presenteava. Lembro também do calor na cozinha, pois eram assadas na brasa e do desfecho, pois quando tudo terminava corríamos até o rio para tomarmos banho. Um momento que sempre está guardado no meu coração e na minha memória”, relembra emocionada, dona Delmina.

Delmina, Fernanda e Caroline capricham nos detalhes de cada bolacha – Foto: Nilton Alves/TN

Costumes familiares mantidos

A matriarca da família também conta que a guloseima natalina é feita todos os anos e dividida com familiares e amigos. Não há comercialização por mais que a vizinhança peça. “Não vendo, faço apenas para a família e para servir aos amigos que aparecem. E olha que eles adivinham, pois é começar bater a massa e eles brotam aqui em casa. E tem mais, quem chega enquanto estamos produzindo acaba recebendo alguma função. Ninguém fica parado”. A primeira semana de dezembro é o período escolhido para iniciar os preparos e encher os potes. As mesmas ficam perfeitas por três meses. Algumas bolachas com cobertura, outra sem decoração, mas todas incrivelmente macias e saborosas.

Seguindo a tradição, as filhas, que ainda não têm o segredo da receita, são as auxiliares. Até mesmo o neto participa do momento. “Quando elas eram crianças se animavam muito com os preparos, hoje elas têm seus afazeres, mas ainda assim nos organizamos para que possamos estar juntas nesta hora. A farra era grande, sempre com muito capricho, cuidado e amor pelo que estamos fazendo”, conta Delmina. “A gente ainda não sabe a receita, ela ainda não repassou o segredo, mas cada uma tem a sua responsabilidade: uma espalha o açúcar, outra decora, põe no forno. Somos em três irmãs, e sempre estamos atentas porque chega nesta época podemos ser requisitadas a qualquer momento para fazer as bolachas. O meu sobrinho também já entrou na roda, até o vereador Aroldinho já passou por aqui e foi colocado para embalar, ou seja, quem está por perto ganha alguma função”, emendou a filha Caroline.

Fernanda por sua vez revela que mesmo tendo a receita a mãe já não a segue mais. “A massa é o segredinho dela. E mesmo tendo a receita ela não a segue mais. É incrível, pois ela vai adequando as medidas conforme sente a massa e sempre deu certo. Inclusive, nós experimentamos a massa crua para ter alguma referência, mas não tem jeito; é dela, é da mão que ela tem para fazer. E acreditem, é tudo manual, artesanal mesmo”. “A única coisa que eu posso dizer é que para ficar macia é preciso deixar a massa mole, não pode ficar igual a massa de macarrão”, segredou dona Delmina.

Sentimentos

Questionada sobre os sentimentos que lhe vem no momento que está fazendo as bolachas, Delmina diz que até hoje passa um filme em sua cabeça, vem o cheiro da cozinha, as vozes das irmãs, e da movimentação do pai e da mãe na cozinha. “Passa um filme, sabe? Eu lembro dos meus pais fazendo essas bolachas, do cheirinho que enchia a casa, do forno, das formas gigantes entrando e saindo do forno, os latões cheios. Uma lembrança muito boa da infância, da juventude… Era muito lindo e aconchegante. Ainda é, mas agora com outra parte da minha história”.

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