Tiago Monte
Içara
A Copa Sul dos Campeões deste ano está nas mãos do Içara Futebol Clube – um título inédito na história do clube. Já a artilharia da competição ficou com um nome bastante conhecido: Beto Cachoeira. O ídolo do Tigre já se aposentou do futebol profissional há mais de uma década, mas continua brilhando nos gramados amadores. Ele marcou nove gols, em oito jogos: uma média de mais de um gol por partida. Segundo o “matador”, não há segredo para seguir marcando gols, apenas dedicação e muito esforço. “É muito trabalho. Sempre tento estudar bem os adversários, ver qual o ponto mais fácil de atacar e vejo a características dos meus companheiros. Eu tento me adaptar e me posicionar o mais rápido possível para cada situação durante o jogo”, comenta o atacante.
Entretanto, Beto deixa escapar um segredo. “É uma coisa que aprendi: sempre atacar o espaço vazio, que na maioria das vezes a bola vai chegar ali. Aí o cara tem que estar concentrado pra poder fazer o melhor e fazer os gols”, ressalta Beto.
Pela Copa Sul dos Campeões, Beto não marcou gols na primeira fase, mas nas etapas decisivas, ele fez a diferença. Contra o Araranguá foram dois gols, na Cidade das Avenidas, na vitória do Içara por 4 a 1, e mais dois na partida de volta, em Içara. Contra o Rio Bonito, em Morrinhos do Sul (RS), sob muita chuva, Beto marcou mais duas vezes, no empate por 3 a 3. Na partida decisiva, Beto Cachoeira marcou um dos gols, na igualdade por 2 a 2. Depois, o Içara se classificou nos pênaltis. Contra o 7 de Setembro, o atacante marcou duas vezes, no jogo de volta, e ficou com o troféu de artilheiro com nove gols.
Mesmo com todos os gols marcados, Beto ressalta a importância do sucesso do time. “É sempre muito bom marcar gols. Em oito jogos, tive a oportunidade de fazer nove gols e a gente fica muito feliz em poder ajudar a equipe marcando. Porém, o que mais importa – e o que sempre priorizo – é o grupo. Se um ganha, todos ganham. Para mim, o importante é tentar fazer o melhor na minha posição. Se eu fizer, bem feito, e cada um fizer o seu também, fica muito mais fácil alcançar o objetivo”, destaca.
A união entre artilheiro e professor
Beto, de 43 anos (completa 44 em outubro), não atua apenas pelo Içara. Ele tem vínculo com diversos times da região para atuar em campeonatos municipais. A média são de três jogos por final de semana. “Participo de alguns Municipais na região. Na verdade, é uma pena que os campeonatos coincidam em muitas datas. A gente, às vezes, acaba acertando em dois, três lugares e acaba jogando somente em um, porque os jogos são nos mesmos dias. Daí fica complicado da gente fazer essa trajetória. Então, ao invés de acertar em quatro, cinco ou seis ugares, priorizo fechar em dois ou três para poder participar de todos os jogos”, diz. “Mas, normalmente, eu disputo três jogos por final de semana: um na sexta, um no sábado e um no domingo, dependendo da tabela dos campeonatos”, comenta.
Além disso, Beto Cachoeira é professor nas escolinhas de futebol da Fundação Municipal de Esporte (FME) de Içara. Ele atende em torno de 200 crianças por semana. “Sou professor nos projetos dos bairros. Dou aula no Módulo Esportivo e aqui na Mineração (bairro Aurora), de segundas a quintas. A gente tem um projeto bem legal com bastantes alunos. Eu estou com, aproximadamente, 200 alunos por semana. É um número bem grande, fora os outros projetos que tem em outros bairros. Eu tento passar para eles um pouquinho do que aprendi, para quem sabe, no futuro, a gente consiga ter mais atletas representando o Içara em outros municípios. A gente já participa do campeonato da LUD (Liga Urussanguense de Desportos), então é bem legal fazer parte disso”, comenta.
Pronto para atuar no Estadual Não Profissional
O Içara tem vaga assegurada no Campeonato Catarinense Não Profissional. E Beto Cachoeira, que já conquistou a competição, quando defendia o Metropolitano, de Nova Veneza, está pronto para atuar novamente na disputa. “Para mim, vai ser um orgulho muito grande poder representar o Içara no Estadual de Amadores. A gente tinha o objetivo, antes de começar a Copa Sul, quando a gente se reuniu, de conquistar a vaga no Estadual e, assim que a gente passou pelo Rio Bonito, a gente ficou mais feliz e contente porque a gente sabia que era o grande objetivo do clube”, diz. “No fim, a gente conseguiu coroar essa classificação para o Estadual com o título inédito para Içara e invicto. A gente fica bem honrado em poder ajudar da melhor maneira possível”, comenta.
Marcando muitos gols, Beto ainda não faz planos para deixar os gramados. “Eu costumo brincar com a galera: até me deixarem jogar, eu vou continuar jogando, porque enquanto não tiver aparecendo mais ninguém, eu sigo”, detalha.
Beto usa, inclusive, o exemplo do companheiro de Içara, lateral-esquerdo, Fá, que também está com a mesma idade (43 anos) e segue jogando em alto nível. “Eu e o Fá brincamos: enquanto eles estão dando oportunidade para os velhinhos jogarem, os velhinhos estão se aproveitando. Não está aparecendo ninguém mais novo, a gente está jogando. Então, enquanto me deixarem jogar, eu vou tentar fazer o meu melhor sempre. Seja por mais dois, três, quatro ou cinco anos, a gente vai seguir”, finaliza Beto.
