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segunda-feira, maio 20, 2024

SOS RS: quando a solidariedade transcende o fazer doações

Duas famílias, que moram no Rincão, abrigam 20 pessoas que perderam tudo no desastre natural

Balneário Rincão
Alexandra Cavaler
cidades@tnsul.com

Famílias gaúchas, que moram em Balneário Rincão, acolhem 20 desabrigados do maior desastre natural já registrado no Rio Grande do Sul. Luciana Gonçalves conta que chegou ao município, com os desabrigados, na segunda-feira. Antes disso, ela ficou, com o marido, de sexta a segunda, dia 6, no Rio Grande do Sul, sem banho. “Ajudamos no resgate de algumas pessoas, mas tivemos que sair de lá às pressas porque não tinha água para tomar banho, não tinha água para beber, não tinha mais água para comprar. A gente tinha que comprar, mas não tinha mais nos lugares. Comida no mercado não tinha, e o pouco de comida que a gente tinha para cozinhar, não encontramos gás para comprar”, contou angustiada.

Luciana também relatou o cenário de horror que o estado se encontra. “Eu tenho filmagens de lá, que a televisão não mostra, porque é pesado demais. Um verdadeiro terror. As pessoas estão morrendo porque de noite ninguém pode entrar, porque tem gente com armas nos barcos. Eu ajudei nos resgates, fiquei por lá durante 15 dias e presenciei quando estourou as barragens. Não foi só a chuva que causou a enchente no Rio Grande do Sul, foi porque estourou o dique, desceu a água e encheu a cidade. Pegou todo mundo de surpresa, não conseguiram se salvar. Pode ter certeza que tem muita gente morta ainda lá embaixo das águas”, enfatizou.

Perigo

A gaúcha, moradora de Balneário Rincão, também revela que os voluntários, a exemplo dos seus sobrinhos que ajudam nos resgates, estão com barcos com motores que não suportaram e tiveram que parar. “À noite não dá mais para ajudar porque está perigoso. Eu já estou acostumada com essas ações, porque eu fui líder comunitária do bairro Matias Velho. Inclusive, em 2019, ganhei um troféu da melhor líder comunitária da cidade de Canoas. Me criei naquela região e continuo dando assistência ao bairro e ao município. Estava no Rio Grande do Sul quando tudo acontece, e agradeço a Deus que ainda pude resgatar bastante pessoas. Mas tenham certeza que o que se vê lá é muito cruel!”, concluiu.

Governo do Município já fez visita e os encaminhamentos emergenciais

Diante da situação, a Secretaria de Assistência Social do Balneário Rincão foi acionada e já presta auxílio com encaminhamentos emergenciais. Segundo Jucilene Fernandes, secretária da Pasta, a equipe fez a visita. Os gaúchos abrigados no município estão em casa de familiares na Zona Sul e Lagoa dos Freitas. “Iniciamos o atendimento emergencial e alguns encaminhamentos. Inclusive, duas senhoras precisam de medicamentos contínuos e há, no grupo, uma gestante. Elas já estão encaminhadas para o atendimento de saúde. Também estamos organizando as coisas na área da educação. Disponibilizamos cestas básicas, cobertas e roupas e estamos nos preparando, pois temos certeza que Balneário Rincão ainda vai receber outras famílias do Rio Grande do sul”, explicou.

Atendimentos

Amanda Motta, assistente social do município, revela que são 20 pessoas abrigadas em duas casas de moradores da cidade, e que todos foram orientados, após o atendimento de emergência, a se dirigirem à secretaria na segunda-feira para que seja feito o cadastramento no Cras. “Algumas delas vieram sem documento, e a nossa orientação foi que registrassem BO para que pudessem refazer esses documentos. A faixa etária destas pessoas vai de criança até idosos. Estamos, inicialmente, assistindo essas famílias na medida do possível para dar o mínimo de amparo, diante de tudo o que estão vivendo”.

Já Márcia Nascimento, que faz parte da Gestão da secretaria, conta que neste primeiro momento é preciso pensar na alimentação e saúde. “É uma situação bem delicada. As pessoas estão sem expectativa alguma, perderam tudo, perderam a dignidade, elas não sabem nem o que fazer nesse momento. O que o município tem que fazer agora é prestar esse atendimento emergencial, amparar essas pessoas aqui, ver a vaga da escola, o atendimento médico, e futuramente, auxiliar no encaminhamento para o mercado de trabalho, caso essas pessoas decidam se estabelecer aqui”.

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