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sexta-feira, maio 30, 2025

Criciúma: Menina sequestrada foi mantida por 24h dentro de porta-malas

Durante todo o momento, a criança esteve amarrada, vendada e não obteve acesso à qualquer tipo de alimento

A menina, de 11 anos, sequestrada por cinco criminosos na madrugada desta última quarta-feira, dia 23, no Bairro Pio Corrêa, em Criciúma, viveu momentos de terror na mão dos bandidos. Em entrevista coletiva realizada na manhã desta quinta-feira, dia 24, na 6ª Delegacia Regional de Criciúma, foi confirmado que a criança foi amordaçada e mantida durante todo o período no porta-malas, sendo trocada durante às 24h, passando por três veículos.

Durante todo o momento, a menina esteve amarrada, vendada e não obteve acesso à qualquer tipo de alimento. Segundo o Delegado Estadual de Investigações Criminais (DEIC), Anselmo Cruz, durante os procedimentos, as informações foram mantidas em sigilo para preservar a vida da criança. “Existem duas frentes de atuação diferente, e em primeiro momento, buscamos garantir a vida de quem está mantido em cárcere. Nisso, existe todo um trabalho que envolve questão de negociação, a busca e a localização de resgate desta pessoa, para que no mínimo diminua a chance de acontecer algo”, detalhou.

Estado da criança e prevenção

Conforme Anselmo, a menina que foi mantida como refém, em nenhum momento foi levada para um local especifico, sendo deixada ao longo de 24h, dentro de porta-malas de três automóveis, estando amarrada, amordaçada, vendada, sem acesso a alimentação, e somente em duas oportunidades teve acesso para ir ao banheiro, sem saber onde estava.

“Em uma abordagem equivocada, se houvesse uma perseguição, e com a situação de pressão, o motorista do carro poderia capotar o carro, o que ocasionaria em lesões desnecessárias. Tudo isso se avalia quando estamos trabalhando em gerenciamento de risco”, enfatizou Cruz.

De acordo com o delegado, o primeiro contato após o crime, aconteceu pelas redes sociais, sendo enviado a fotografia de uma carta pelos autores, exigindo um valor superior ao de 11 milhões, em dinheiro, além de outros pedidos para serem cumpridos. “A hipótese mais forte é que o grupo realizou o crime para obter dinheiro. Na carta, havia ameaças, especificadamente para não se noticiar o sequestro, e não haver nenhuma prisão dos envolvidos, enquanto houvesse as negociações. Se acontecesse, iria ser enviado um membro superior ou inferior da menina para a casa da família ou até em uma unidade policial, se não fosse cumprido as exigências. Um prazo de 72h foi estabelecido para ser providenciado os valores”, explicou.

Por conta da divulgação, os criminosos mudaram a estratégia, devido a mobilização, passando a circular por outros locais e cidades. Em seguida, a refém foi deslocada para o Rio Grande do Sul (RS) para não acontecer uma intervenção policial. Durante a noite desta última quarta-feira, dia 23, um advogado criminalista entrou em contato com as autoridades policiais, sendo que teria interlocução com os autores, buscando colaborar, pois a filha dele seria colega de classe escolar da vítima.

“Aceitamos a ajuda para que nossa prioridade fosse mantida, que seria o retorno da menina para os pais, em segurança. A criança foi deixada amarrada pelas mãos e pés, além de estar vendada, a beira de uma estrada no RS, na região da cidade de três cachoeiras, cerca de 40km da divisa com Santa Catarina”, complementou o delegado.

Conforme explicado por Anselmo Cruz, a menina não sofreu agressões físicas, porém, foi ameaçada de morte. No instante que foi entregue para a família, a criança se mostrou forte e firme diante a situação.

O crime

O delegado da Divisão de Investigação Criminal (DIC), Yuri Miqueluzzi, assinalou que até o momento já existe uma pessoa presa, além da apreensão dos três automóveis utilizados no crime. Segundo a autoridade, esses carros já haviam sido preparados para o crime, já era planejado o abandono destes veículos. Esses automóveis foram roubados em Criciúma e Içara, há dois meses atrás, já pensados para o ato. A investigação está muito bem encaminhada, segundo Miqueluzzi.

O homem, de 22 anos autuado na tarde desta última quarta-feira, dia 23, tens passagens por tráfico de drogas. Conforme o delegado Anselmo Cruz, o criminoso tem envolvimento direto com o sequestro, mas não tinha informações sobre a localização da refém. Não está descartada a possibilidade de mais pessoas na ação do sequestro. A Polícia Civil confirmou que não houve nenhum pagamento para os autores.

Foto: Henrique Ferreira/TN
Foto: Henrique Ferreira/TN
Vídeo: Henrique Ferreira/TN

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