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terça-feira, março 19, 2024

Um documento histórico sobre o Caravaggio Futebol Clube

Tiago Monte

Nova Veneza

Fotos: Guilherme Cordeiro/TN

A história do tradicional Caravaggio Futebol Clube está registrada nas 108 páginas dos livro de 50 anos do clube. Escrito por três torcedoras fanáticas do Azulão, Cristiani Preis Amboni, Mayra Vitali e Natiele Destro Albonico, a publicação está repleta de fotos e relatos emocionantes – desde a fundação, em 1970, até os dias atuais. “A escrita foi toda feita por nós mesmas. Desde o prefácio até a conclusão. Nós fomos atrás das histórias, mesmo durante a pandemia, e foi um processo bem complicado. Nem todas as casas podemos ir e não tivemos a oportunidade de entrevistar todos os que nós queríamos”, explica Mayra.

Um dos grandes motivos para o desenvolvimento do livro é a mudança de patamar do clube, que está chegando agora ao futebol profissional, além da paixão pelo Caravaggio. “Como o clube iria completar 50 anos, queríamos deixar algo eternizado. Também, a nossa comunidade precisava disso. As pessoas vivem o futebol ali. O livro foi para eternizar e contar a história. Agora temos 50 anos e vamos começar outro processo e com outra história para ser contada futuramente”, destaca Cristiani.

Uma das questões que mais dificultou o trabalho das autoras foi a história dos campos do clube. “No início, não tinha um campo, uma estrutura. Eles começaram com jogos na baixada, com rio e banhado em volta. Era bem difícil. Foi aterrado com pó de serragem, pelos próprios jogadores, para poderem jogar. Não era na Montanha ainda. Depois da Baixada teve outro campo, emprestado, na beira do asfalto, no Caravaggio, até conseguir a doação do terreno e a prefeitura construir o estádio da Montanha”, conta Mayra.

A retomada do clube nos anos 90          

Entre 1980 e 1995, o Caravaggio adormeceu. Porém, a retomada aconteceu junto ao projeto Caravaggio Esporte Total, que englobava não apenas o futebol, mas diversas outras modalidades. “O Caravaggio Esporte Total foi um projeto que tinha não só o futebol, mas também vôlei, bocha, que antigamente era bem utilizada, e foi onde o clube começou a participar dos campeonatos amadores da Larm”, lembra Cristiani. “A primeira participação na Larm foi em 1993. O auge foi em 1995, onde ganhou o primeiro título. Sempre como Caravaggio Futebol Clube. O nome do projeto era Caravaggio Esporte Total porque envolvia todos os outros esportes”, completa Mayra.

Quem liderou a retomada do clube foi Élzio José Milanez. Ele contou as principais histórias, junto com os primeiros presidentes. “A gente conseguiu, com o Valdir Scotti, que foi o primeiro presidente e ajudou a fundar o Caravaggio também, e o Élzio José Milanez – que criou o Caravaggio Esporte Total. Então, a gente fez com o Valdir, do começo até o meio e do meio até o final com o Élzio”, pontua Cristiani.

O livro mostra uma galeria dos antigos presidentes. “Todos eles são citados e o que mais marcou a gestão. Os já falecidos, foram os próprios filhos que contaram a historia para a gente”, diz Mayra.

O incentivo do clube à participação feminina

Historicamente, o futebol tem uma predominância masculina – tanto na prática como na gestão. Porém, esse não foi um impeditivo para que as autoras conseguissem captar as histórias e escrevessem o livro. “Não tivemos barreira. Muito pelo contrário. Eles apoiam bastante a gente e colocam pressão para estarmos presentes. Nós somos da diretoria, então, eles querem que a gente sempre esteja nas reuniões e temos a nossa voz ativa. É tudo muito aberto e a comunidade abraça muito a mulher no futebol, na gestão e no estádio”, destaca Cristiani.

O incentivo de Mayra veio logo de casa. “O meu pai foi presidente do Caravaggio Futebol Clube por 10 anos e cinco mandatos consecutivos. Em todos os mandatos dele, havia uma secretária. Primeiro foi a Cláudia, depois a Mirela, a minha irmã e eu. Até hoje, eu faço parte da diretoria. Então, eu também tenho uns 10 anos, indiretamente, fazendo parte”, pontua.

Renê Vitali é um dos presidentes mais marcantes da história do clube e está retratado na publicação. Mayra relembra as histórias vivenciadas por ela. “A gente tem participação em todos os títulos, porque eu estava desde criança participando do Caravaggio. Na conquista da primeira Copa Sul, meu pai era o presidente. Era um campeonato novo, naquela época, e o Caravaggio entrou. O primeiro ano foi de vice-campeonato, mas, no segundo, já foi campeão. Então, todos os títulos tiveram a nossa presença”, conta. “A construção da arquibancada foi feita no mandato do meu pai. A cobertura também foi no final do mandato dele, então, são muitas histórias. Praticamente, o livro todo tem detalhes de quem viveu as histórias”, completa.

Ironicamente, a mãe de Mayra não é adepta do futebol. Porém, nunca foi empecilho para a paixão do marido e da filha. “Tudo sempre girou em torno do Caravaggio. Se o jogo era às 15 horas, nós almoçávamos às 11h30 e tudo era assim: em função do clube”, conta Mayra.

A atual conselheira do Caravaggio lembra dos jogos da década de 90 – todos retratados no livro. “Não tinha arquibancada, era tudo na beira do alambrado. Eu era pequena e chegava cedinho. O jogo era às 15h, mas às 13h já estávamos lá. Nós íamos com meu pai (Renê)  e ele ajudava a organizar. Antes dele assumir, ajudava a diretoria e nós ficávamos no cantinho só escutando e vendo”, comenta.

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