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sexta-feira, maio 17, 2024

Morro da Fumaça: Procura por seminovos segue em alta

Tiago Monte

Morro da Fumaça

Desde o começo do ano, a falta de insumos tem limitado a produção de carros, deixando alguns modelos com uma fila de espera de meses. Além disso, os preços de matérias-primas vêm disparando. Com a demanda maior que a oferta, mais a pressão sobre os custos, as revendas têm apostado no comércio dos chamados seminovos: geralmente carros com até cinco anos de fabricação. “As montadoras não têm o zero quilômetro para entregar. Algumas pessoas pensam que não estamos vendendo o zero por não termos clientes, mas não: têm interessados. O problema é que não tem a matéria-prima para fabricar o zero. Então, é onde o pessoal busca o seminovo 2019 ou 2020, por exemplo. Ninguém quer esperar cinco ou seis meses por um carro. Assim, aumentou muito a venda de seminovo com até cinco anos de uso”, comenta o sócio-proprietário da Marzo Automóveis, Eduardo Santos.

A “Lei de Oferta e Procura” faz com que os preços dos carros seminovos também cresçam  – o que é considerado um movimento natural de mercado. Apesar de todo o aumento dos valores, a procura também está maior. “Tem carro que subiu um absurdo: até 20 mil reais na tabela Fipe, mas as vendas estão boas. A nossa dificuldade, hoje, é encontrar carros para comprar. A gente está pagando preços maiores para ter o carro, mas a procura, por parte dos clientes, está muito boa. As vendas têm crescido”, destaca.

Eduardo enfatiza a alta nos preços para os revendedores e a dificuldade de encontrar os carros desejados. “Nós costumamos buscar em Florianópolis e está difícil de encontrar. Entretanto, a gente compra carro aqui na região também, inclusive de quem trouxer aqui na loja para avaliarmos. Sempre aparece. Temos alguns parceiros também que trabalham com isso. Mas está difícil de encontrar e, quando encontra, tem que pagar altos preços”, enfatiza.

Assim, o cliente final acaba também pagando um preço maior pelos veículos. “Isso chega na ‘ponta da corda’ com o aumento, mas o mercado está aquecido”, diz.

Sem lucro a mais com a alta dos valores

Os revendedores garantem que não estão lucrando mais com a alta dos preços. O que acontece é apenas um repasse do valor que aumenta na produção. “Por isso, está subindo muito o preço do seminovo: tem muita procura. É a ‘Lei da Oferta e da Procura’. Está quase o preço do novo, mas não tem o zero para entregar. Desta forma, o cliente opta pelo seminovo”, diz Eduardo.

A Marzo Automóveis trabalha com 85% da frota de seminovos. “Trabalhamos com alguns novos também. Hoje, estamos com duas lojas e temos um total de 60 carros em média. A maioria são seminovos de 2017 para cima e com boa procedência. Temos alguns 2019 e 2020 também”, ressalta.

Aumento reduzido na tabela Fipe

Em setembro, os preços dos carros seminovos seguiram em alta, na tabela Fipe, porém o crescimento não foi tão incisivo. “Tendo em vista a falta de carro zero no mercado e os atrasos nas entregas, existe a tendência da maior procura por seminovos. Com isso, a alta dos preços. Nesse mês, tivemos um aumento dos valores na tabela Fipe – que é o balizador que a maioria do mercado usa – em um nível menor. Os preços vêm subindo mensalmente, mas de forma menor”, pontua o Diretor Regional, no Sul de Santa Catarina, da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Renato Costa.

A falta de componentes para a montagem de circuitos integrados prejudica a entrega dos carros zero quilômetro. “Boa parte da falta de carros zero quilômetro se dá pela falta de chips. A produção de carros médios e sofisticados, segundo o presidente da Anfavea, leva de 500 a mil chips só nos vidros elétricos. É algo absurdo. Os módulos eletrônicos são essenciais para fazer um ‘pisca’ ou subir um vidro elétrico, por exemplo”, destaca Costa.

A tendência, segundo o Diretor, é continuar a busca por carros seminovos. “Devemos entrar 2022 com essa dificuldade de encontrar os componentes para a produção de carros zero quilômetro. Consequentemente, se não se vende carro zero, teremos menos seminovos no mercado. Assim, as pessoas vão ficar mais tempo com os carros e teremos menos carros usados no mercado. É a ‘Lei da Oferta e Procura’ que faz os preços aumentarem”, diz. “O preço do carro zero também está subindo pela falta da matéria-prima, para produção de carros e caminhões, como aço, por exemplo”, completa Costa.

Disparo nos preços afeta o valor do IPVA

O forte aumento nos preços de carros pode deixar o imposto até 40% ou 50% mais caro no ano que vem. Como não se preocupar com a supervalorização dos preços dos carros? Se os aumentos recentes já são motivos para espanto por si só, a hora de pagar o IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores) será outro momento complicado.

À medida em que o valor de determinado automóvel aumenta, na Tabela Fipe, consequentemente o IPVA sobe. O valor do IPVA é calculado a partir do valor venal da Tabela Fipe e multiplicado pelo valor da alíquota Estadual.

Em Santa Catarina, automóveis movidos a gasolina e biocombustíveis ou picapes de cabine dupla pagam 2% de imposto. O cálculo é simples: se um carro vale R$ 40.000 na Fipe, o valor anual do imposto será de R$ 800, correspondendo aos 2%. Se esse mesmo carro tem o seu valor de tabela reajustado de uma vez para R$ 60.000, no ano seguinte, seu IPVA subirá para R$ 1.200, um aumento de R$ 400, ou 50%, no ano seguinte.

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