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sexta-feira, maio 17, 2024

Urussanga: Prefeito sugere afastamento por viés político

Tiago Monte

Urussanga

Após ser afastado do cargo, em função das investigações a cerca da Operação Benedetta, deflagrada pela Polícia Federal (PF), o prefeito de Urussanga, , Luiz Gustavo Cancellier (PP), quebrou o silêncio e conversou com o jornalista Rafael Niero, da rádio Marconi. Na entrevista, que dura mais de meia hora, o líder do Executivo afirma que não concorda com o relatório da PF e diz que as denúncias tiveram viés político. “A Polícia Federal terminou o relatório final e nós respeitamos todas as instituições: a Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário. Porém, não é pelo fato de nós respeitarmos que nós temos que concordar. Nós não concordamos com muitas coisas que estão no relatório da Polícia Federal. Nosso advogado também não concorda com isso”, diz o prefeito.

Com relação às denúncias, Gustavo diz que elas continuaram acontecendo, mesmo depois das eleições municipais do ano passado. Para ele, isso configura influência política. “Existem muitos equívocos no processo da Polícia Federal. A denúncia iniciou no dia 21 de setembro do ano passado e, após as eleições, tiveram mais denunciantes indo à Polícia. Isso deixa claro que tinha sido uma ação política na época. Após a nossa vitória nas urnas, continuaram indo fazer denúncias, porque precisavam tentar nos derrubar no ‘tapetão’, porque na eleição e nos votos não conseguiram”, garante.

O prefeito está confiante em retomar as funções na prefeitura em breve. “Estamos em um momento bem diferente e com perspectiva de retorno, o mais breve possível, para a prefeitura para retomar as atividades em nosso município de Urussanga”, pontua.

Sem entrevistas em função da investigação

Gustavo faz questão de deixar claro que não se manifestou anteriormente por orientação dos advogados e para respeitar a invetigação da PF. “Quero deixar claro a todos os urussanguenses que não me manifestei antes por orientação dos nossos advogados e também por respeitar a investigação da Polícia Federal, para que não ocorresse nenhum problema de alguma fala ser mal interpretada. Quero pedir desculpas a todos os urussanguenses, principalmente as pessoas do nosso partido, que eram cobradas na rua do por que o prefeito não se manifesta”, comenta.

Com quatro meses de afastamento, Gustavo agradece às pessoas que permaneceram ao lado dele nestes dias. “É um período muito difícil, onde a gente agradece a Deus e à família. Também a todas as pessoas que estiveram ao meu lado, dando força, porque é um momento onde você é julgado sem poder se defender. As pessoas fazem julgamentos sem as informações corretas, até porque o processo é em segredo de justiça, então, as pessoas começam a criar narrativas e hipóteses e largam na rua. Isso vai fomentando informações distorcidas. Você vê isso acontecendo e é impedido de se defender. Um momento muito difícil”, ressalta.

O prefeito afirmou ainda que não existem as supostas planilhas do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) e que elas eram apenas para controle interno. “As planilhas do Finisa não existem. As oficiais são as que foram mandadas para a Caixa Econômica, até porque é um recurso federal e controlado pela Caixa Econômica. Todas as planilhas do Finisa tiveram contas prestadas à Caixa. Imagino que a Polícia teve acesso através do banco”, diz.

Sobre o suposto superfaturamento nas obras, Gustavo apresentou números que justificariam os valores das construções. “Eu vou tentar passar aqui, sem quebrar o segredo de justiça, alguns números, que não são do processo. São números da prefeitura para que a população faça análise dos números superfaturados: a prefeitura de Urussanga, na obra do Rio Carvão, investiu R$ 1,968 milhão por quilômetro. Quase dois milhões por quilômetro. A rodovia que fizemos agora, no Rio Caipé, o início do Anel Viário, que não foi feita via Finisa e, sim, pacote fechado, como a gente chama, custou R$ 1,410 milhão por quilômetro. Comparando obras de gestões anteriores, como a obra do Longarone, custaram R$ 1,230 milhão por quilômetro. As obras do Finisa custaram R$ 1 milhão por quilômetro. Ou seja, foram mais baratas do que todas as obras da Prefeitura de Urussanga. Uma das rodovias, que dizem que tem valor a mais, custou R$ 650 mil reais. Uma rodovia de quase 600 metros custou R$ 650 mil reais e dizem que tem superfaturamento de R$ 300 mil. Fazendo a conta, ela teria que custar R$ 300 mil reais. Ou seja 500 mil reais por quilômetro quadrado. Um terço do que se gasta. Realmente, por isso, estou muito tranquilo e não concordo com os relatórios da Polícia Federal”, ressalta.

Gustavo faz questão de ressaltar que a investigação seguirá para o Ministério Público e que não há ainda um processo. “Lógico que, no tempo certo, se nós realmente precisarmos nos defender, porque, esse é um indiciamento apenas da Polícia Federal. Agora, vai para o Ministério Público e eles vão olhar com muito carinho para ver se há materialidade, autoria e, depois disso, o Ministério Público que vai encaminhar isso ao TRF-4 para, lá sim, entender se vira um processo ou não. É um período muito inicial”, finaliza.

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