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sábado, maio 18, 2024

Proteção ambiental em conjunto nas reservas do Sul

Geórgia Gava/ Thiago Oliveira

Nova Veneza e Siderópolis

Atualmente, as atividades desenvolvidas pelo Instituto Felinos do Aguaí integram duas reservas, a do Aguaí e a São Francisco. A segunda é de propriedade privada, teve início com 17 hectares e atualmente possui mais de 1.500 destinados à proteção ambiental. “A ligação dessas duas extensões, primeiro é que Área Particular de Preservação Ambiental amplia a área de proteção, porque hoje quando a gente fala de Mata Atlântica, o que restou na nossa região, é esse cordão na Serra Geral, o restante são só fragmentos pequenos, então ampliou a preservação”, explica a coordenadora do projeto, Micheli Ribeiro Luiz.

Com o proprietário da Reserva São Francisco, o Instituto trabalha voluntariamente há seis anos, em troca da estrutura para pesquisar e suporte. “Eu vejo que essa área ficou mais conhecida porque ela foi um espelho do Aguaí”, pontua a coordenadora do projeto. “A gente faz o trabalho voluntário e ele disponibiliza os equipamentos. Todo esse trabalho já teve vários reconhecimentos, nós temos oito prêmios no nossa jornada”, completa.

Todo o trabalho desenvolvido pelo Instituto reflete em um futuro com os olhares voltados à conscientização, em todas as esferas. “É um serviço ambiental, gratuito, sem contar que se preservarmos a floresta, não vamos ter problemas com enchentes, erosão, desapropriação de terrenos, um vai levando à preservação do outro, caminham juntos. A importância desse trabalho é levar à população aos serviços ambientais”, enfatiza Micheli.

Ainda conforme a coordenadora do Instituto, este é um projeto que valoriza a cultura local. “Com essa valorização, a gente integra a comunidade nos trabalhos. Porque eu não vejo  nenhuma outra forma de realizar um trabalho como esse, com sucesso, se não houver a participação da população, porque a partir do momento que eles aceitam a ideia, eles começam a agir, há mudanças de comportamento”, ressalta. “O mais importante desse trabalho, é que ele sirva de inspiração para criar outros cases, porque um projeto só é importante quando ele pode ser replicado, porque senão ele não tem validade”, completa.

EXEMPLO PARA OUTRAS RESERVAS

Com a atuação de forma integrada, junto ao Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA/SC), o reconhecimento vem através de prêmios, parcerias e investimento. “Todo esse trabalho só acontece porque temos parceiros, então hoje a implementação de parceiras, principalmente no que tange a organização da sociedade civil, é extremamente importante. Não se consegue fazer nada sozinho, precisa-se de parceiros para captação de recursos, mão de obra especializada, serviços e voluntários”, comenta Micheli. “Por isso que, a Reserva do Aguaí, hoje, em termos de gestão e de colocar em prática, tem sido uma referencia para as outras”, completa.

Apesar de o trabalho ser desenvolvido de forma independente, a parceria entre o IMA e o Felinos do Aguaí tem sido fundamental para o sucesso. “O Instituto Felinos do Aguaí trabalha com pesquisa de educação ambiental e o IMA autoriza a realizar esse trabalho na reserva e no entorno. É uma ONG independente do IMA e, por  trabalhar com a pesquisa, nós como instituição de proteção, acabamos cedendo alguns equipamentos, como câmeras trap para eles usarem, além de retroprojetores para trabalhar a questão ambiental. A gente auxilia nessa questão de equipamentos. Eles fazem o trabalho deles como os equipamentos, tem um termo de cessão de uso. E tem também a questão da educação ambiental. A gente faz contratos e paga por essa parte. E há também um acordo de cooperação técnica”, explica o coordenador da reserva, Joel Casagrande.

Localizada nos contrafortes da Serra Geral, em altitudes que variam de 200 a 1.470 metros, a Reserva Biológica (Rebio) foi criada em 1º de julho de 1983, e está inserida no Bioma Mata Atlântica, um dos mais ameaçados em todo o mundo, com apenas 8% da sua área original em bom estado de conservação no território latino americano. A criação da reserva justificou-se pelo seu relevo acidentado, a presença de diversos cânions, pela riqueza de ecossistemas e pela grande variedade de espécies de plantas e animais que fazem da região um cenário valioso para a conservação da biodiversidade.

Durante os 15 anos de atuação do Instituto Felinos do Aguaí, foi possível registrar animais raros, como o leão baio, que está ameaçado de extinção. E segundo o coordenador da Reserva Biológica, a preservação das espécies é fundamental para todo o meio ambiente.

“A preservação desse animal, já que ele é de topo da cadeia alimentar, é fundamental. É ele que faz o equilíbrio ambiental de onde ele vive. No momento que começa a tirar um animal desse do tipo de cadeia, as outras espécies vão entrando em desequilíbrio. Eles ajudam preservar o equilíbrio ambiental, a quantidade de outros animais pequenos… A importância é enorme. O ambiente equilibrado reflete na própria saúde da população”, analisa Casagrande.

Outro trabalho que vem sendo realizado pelo Felinos do Aguaí em parceria com o IMA e também com o Centro Universitário Barriga Verde (Unibave) é a castração de animais domésticos na região próxima à Reserva do Aguaí. No ano passado, já realizaram 80 castrações em Treviso, e neste ano, passará por Nova Veneza. “São animais que entram na unidade de conservação. Animais que não eram para estar lá. Então nesse contrato, o Instituto faz a castração para os proprietários que queiram”, completa o coordenador da Reserva.

Além de contar com o apoio do IMA, o Instituto Felinos do Aguaí também tem como patrocinador – e único, as empresas Rio Deserto, que incentivam a realização de projetos de conservação, conscientização e desenvolvimento comunitário.

PRÊMIOS RECEBIDOS PELO INSTITUTO:

2020 -Prêmio Latino-América Verde

2018 – Prêmio Boas Práticas em Gestão Pública

2018 – Prêmio Nacional de Educação Ambiental em Ação

2016 – Prêmio Ser Humano – ABRH – SC

2011 – Expressão de Ecologia

2010 – ADVB

2009 – Fritz Müller

2009 – Von Martius de Sustentabilidade

 

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