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sexta-feira, abril 19, 2024

História em ruínas em Siderópolis

Demolição de uma residência causou indignação e repercutiu nas redes sociais

Siderópolis
Alexandra Cavaler
cidades@tnsul.com

A famosa “Casa Amarela” que já abrigou secretarias municipais de Siderópolis, clube de dança, posto policial, entre outros, foi coloca ao chão no sábado, dia 16, pela proprietária. A ação, segundo o diretor municipal de Cultura, Arisson Fabrício, foi ilegal e não contou com documento algum que desse a devida autorização.


“Em nossa cidade, temos uma Lei, Nº 2311 de 2019, que trata da preservação do Patrimônio Histórico e de bens tombados e não tombados. E numa das clausulas, especificamente no art. 27, fala que casas com mais de 40 anos e que tenham valor e sejam de utilidade pública para os meios do governo precisam de documentações específicas para ser demolida. Neste caso, o proprietário do imóvel deve fazer o pedido, o mesmo é analisado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano, e passar pelo Conselho de Cultura, esse caminho até foi seguido pela proprietária da “Casa Amarela”, mas o pedido dela não foi deferido, explicou Arisson.


Nota de repúdio

O diretor ainda disse que entre os trâmites que envolveram a situação a Associação Catarinense de Restauro e Patrimônio Histórico foi comunicada e por meio da diretora emitiu parecer favorável pela manutenção do imóvel e para o Município estudar uma forma de comprá-lo. “Inclusive, a Associação deve emitir uma nota de repúdio nesta segunda-feira, pois também entende a importância do imóvel à cidade desde a época da mineração, ou seja, quase 70 anos”.


A casa também faz parte do inventário participativo feito há alguns anos e a dona não poderia demolir sem o aval dos órgãos competentes, ressalta Arisson, acrescentando: “Há duas semanas estamos tentando notificar a proprietária por meio dos fiscais. Eu mesmo tentei ligar, enviei mensagem, sem êxito. Inclusive, enquanto governo, avaliamos uma proposta a qual não tivemos tempo de apresentar. Ela derrubou a casa de forma ilegal e criminosa”.

Agressão verbal e medo

Arisson lembra que a situação de sábado foi lamentável. “Eu fui chamado as 6h para ir até a Casa Amarela porque a mesma estava sendo demolida. Quando eu cheguei, pedi que parassem, pois tinha documento que impedia a demolição. Neste momento fui ameaçado, registrei BO. A máquina, então foi retirada, pois a empresa entendeu que estava fazendo uma demolição ilegal, mas à tarde outra voltou. Novamente me aproximei para conversar e fui agredido verbalmente por pessoas que ela contratou para a destruição. Achei, que iria sofrer algum tipo de violência física”, contou.


A arquiteta e urbanista, Angela Ribeiro, que realizada um levantamento que vai se transformar num e-book, também está triste. “Só consigo dizer que foi uma covardia. Jamais imaginei tamanho desprezo pela própria história. O pior de tudo foi ver quem aprovou a lei de patrimônio histórico, ali, apoiando a destruição”, lamentou. A reportagem tentou contato com a proprietária, sem sucesso.

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