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sexta-feira, março 29, 2024

Grupo Cirandela estreia peça teatral “Um Pé de Quê?”

O Grupo Cirandela estreia no dia 29 de abril de 2023 o espetáculo teatral “Um Pé de Quê?”. O espetáculo tem direção de Reveraldo Joaquim do Grupo de Teatro Revirado, dramaturgia de Luan Marques Joaquim e atuação de Priscila Schaucoski e Bruno Andrade.

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O Grupo Cirandela é um grupo artístico de Criciúma/ SC que desde 2009 desenvolve sua pesquisa no encontro da música com o teatro e a literatura, buscando no atravessamento dessas linguagens um estado poético do som, da palavra, e do movimento. Formado pelos artistas Priscila Schaucoski e Bruno Andrade, ao longo dos anos o grupo vem buscando para o seu trabalho o encontro dessas diversas linguagens que, ao se atravessarem, possibilitam a construção do seu próprio “universo diverso”. Entre os trabalhos do grupo estão “Lá Vem Poesia” (2011), “Para Contar Estrelas” (2016) e “Girândola” – em parceria com o Grupo de Teatro Revirado (2019).

O espetáculo “Um Pé de Quê?” traz como eixo norteador o conceito de alteridade – o reconhecimento e o respeito das diferenças entre as pessoas. A ideia de que nos formamos e nos reconhecemos a partir das diferenças do outro, seja o outro uma pessoa ou o próprio meio ambiente que habitamos.

Para essa montagem, o grupo agrega artistas pesquisadores das linguagens que compõem o espetáculo – seja na dramaturgia, na cenografia, no figurino, para somar e contribuir com o projeto e a pesquisa e compor esse universo diverso. “Acreditamos que a troca e o encontro com outros artistas fortalece a obra. O olhar para a mesma obra através de diferentes pesquisas, permite o desdobramento e a diversidade de ideias e possibilidades, potencializando o processo de criação artística”, diz a atriz e musicista Priscila Schaucoski.

A montagem teve início em 2019, pesquisa que vem sendo desenvolvida há quatro anos e que passou por várias etapas. A primeira etapa consistiu no início dos trabalhos de sala, pesquisa em torno da cenografia e início dos ensaios conduzido por Reveraldo Joaquim, diretor convidado para esse trabalho. “Enxurrada de ideias, dezenas de horas trabalhadas, leituras, suor, choro, sorriso, apego a ideias, desapego total, doação extrema, respira, inspira, transpira, solda, queima, costura, sussurra, canta, se enfurece, pula, cai, o pé dói, o tempo é cruel. Está tudo certo, este é o processo, é uma vida sendo gerida, é uma gestação, é uma obra exclusiva, e é necessária a vida. “Um pé de Quê?” promete poesia, inspiração, leveza, algumas lágrimas e um belo sorriso de canto de boca, tudo isso conduzido por Rosa e Hortelão, e se tudo sair como planejamos, certamente diante de tantas metáforas o espectador vai mudar sua vida por alguns instantes”, diz Joaquim.

Na segunda etapa do projeto, o dramaturgo, escritor e poeta Luan Marques Joaquim entra também no processo, criando a dramaturgia original do espetáculo a partir da pesquisa, roteiro e argumento construídos nos trabalhos de sala. O texto propõe uma dramaturgia não linear, na qual cada cena é apresentada como janelas que se abrem para dentro desse pomar, no qual o público pode experimentar diversos pontos de vista desse mesmo lugar, ao mesmo tempo que degustam a poesia de cada palavra da dramaturgia.

O livro de poemas “Pomar de Brinquedo”, da autora catarinense Eloí Bocheco, também foi objeto de pesquisa primordial para a construção desse trabalho. O livro de Eloí apresenta uma fruta como tema para cada poema. Em uma brincadeira com as palavras, a autora ilustra as particularidades e diversidades de cada fruta que compõem esse universo diverso do Pomar, inspirando desde as provocações nos trabalhos de sala para criação das cenas, como a sonoridade da trilha sonora.

O figurino dos personagens Rosa e Hortelão foram concebidos e confeccionados pelo figurinista, ator e diretor Adbaison Cuba, experiente figurinista de São Sebastião/SP. Buscando o diálogo entre a estética da cenografia e a indumentária dos personagens, Adbailson apresenta um figurino carregado de histórias que contribuem na construção da  dramaturgia da cena através de pistas de onde esses personagens já passaram.

A Trilha Sonora Original do espetáculo, composta e produzida pelo Grupo Cirandela, apresenta a ambientação sonora deste pomar fantástico, composto pela simbiose entre materiais orgânicos e sintéticos. “A trilha é composta pela captação do som de pássaros e insetos que vivem no entorno da sede do grupo, como também por sintetizadores e arpejadores, criando um ponto de encontro entre o ritmo da natureza e o pulsar de instrumentos elétricos” diz Bruno Andrade. Inspiradas também pelos poemas do livro “Pomar de Brinquedo”, as composições musicais do Grupo Cirandela que compõem a trilha sonora da montagem partiram dessa diversidade, traduzindo cores em sons e texturas e sabores na cadência melódica e arranjo de cada peça musical. Dessa forma, cada música possui uma identidade própria, se apresentando como um universo particular que compõe um “universo diverso”.

Para nós do Grupo Cirandela, compreendemos cada ser humano, ser único em particularidades, como um universo compreendido entre tantos outros universos e ainda assim em um universo maior. Como a diversidade das frutas que podem compor um pomar. Falar das diferenças é necessário, aceitar as diferenças é imprescindível. Enxergar que a beleza única e particular de cada um é fundamental para compor o todo é crucial para a formação do ser humano. Acreditamos que esse trabalho é necessário para o fortalecimento da nossa identidade enquanto grupo artístico, mas também acreditamos que refletir um tema tão importante como esse é urgente nos dias atuais.

 

 

 

 

 

 

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