Criciúma
Edson Padoin
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Desde 2006, a Farmácia Solidária da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) tem sido uma fonte vital de assistência para a população local. Anexa às Clínicas Integradas da universidade, a iniciativa tem oferecido esperança e cuidado a milhares de pessoas. Em 2022, a Farmácia Solidária atingiu marcas notáveis, doando R$ 1,6 milhão em medicamentos para quase 14 mil pessoas. Não apenas oferecendo ajuda imediata, mas também promovendo a conscientização sobre o descarte correto de medicamentos, a Farmácia Solidária se tornou um pilar de apoio na comunidade.
O aposentado e morador de Criciúma, Filemom Antônio, é um dos beneficiários desta iniciativa. Para ele, a Unesc faz um trabalho fundamental. “Eu venho, na verdade, buscar remédios para os meus pais, e por indicação de outros, eles conheceram a farmácia que tem beneficiado bastante diversas pessoas, e evitado até gastos em farmácia. Aqui eles ajudam principalmente pessoas idosas, que chegam a uma certa idade e tomam bastante medicamento, então está sendo de grande valia para eles”, completa.
Economia
Antonio destaca ainda a economia de dinheiro que os pais possuem por utilizar a farmácia. “A iniciativa ajuda muito principalmente pessoas que tomam bastante medicamentos. A gente vê que as coisas estão caras e querendo ou não, hoje tudo gira em torno de dinheiro. Então os medicamentos, falando dos meus pais, eles gastam muito com remédios. Quase toda semana estão na farmácia. Aqui tem ajudado eles a economizar”, salienta.
A professora e coordenadora adjunta do curso de Farmácia da Unesc, Marília Schutz Borges, explica a origem do projeto. “Esse projeto nasceu com a ideia da professora Indianara, à época, em 2006, juntamente com o integrante da Cruz Vermelha de Criciúma, Almir Fernandes, e também com a professora Tatiana Barichello, que era a coordenadora do curso de Farmácia naquele ano. Eles se uniram para criar esse projeto. O Almir percebia que nas residências, às vezes, tinha sobra de medicamentos. Para reaproveitar essas sobras e retirar da casa das pessoas, evitando qualquer tipo de problema como abuso de medicamentos, foram unindo essas ideias e nasceu o projeto Farmácia Solidária”, ressalta.
A ação da Farmácia se estende a todos os membros da comunidade, independentemente de sua situação socioeconômica. “Qualquer pessoa tem o direito de solicitar um remédio aqui na unidade, desde que tenha um documento de identificação e um receituário em mãos. A gente não faz nenhuma seleção ou triagem socioeconômica”, diz a professora.
Processo de triagem é fundamental
O processo de triagem é uma parte fundamental do funcionamento da Farmácia Solidária, garantindo que os medicamentos doados estejam em conformidade com as regulamentações e seguros para o consumo. “O medicamento aqui dentro da farmácia solidária vai passar por um processo que nós chamamos de triagem, que é onde é feito toda uma avaliação técnica. Então, é feito toda uma análise de tudo que vem pra cá. Os alunos que estão envolvidos no projeto e eles olham o medicamento, observam se tem o lote, se tem o prazo de validade, se está com a integridade física aparente e se não está com o medicamento estufado. Se está tudo dentro do que é recomendado pela legislação, para poder estar disponível pra outra pessoa consumir. Caso esteja em conformidade, o medicamento vem aqui para as prateleiras para disponibilizar para quem necessita”, explica Marília.
Repasses
Conforme a professora, medicamentos que foram abertos e que tenham sobrado cápsulas também podem ser doados. Para ser repassado para alguém que precisa, o remédio irá passar pelo mesmo processo de triagem.
Centro de aprendizado para futuros profissionais
Além de fornecer medicamentos gratuitos, a Farmácia Solidária desempenha um papel educacional vital. Os alunos de farmácia da Unesc estão envolvidos em todo o processo, desde a triagem até o atendimento ao paciente.
“A gente tem a formação de profissionais aqui que depois estarão atuando em diversos locais no mercado de trabalho. Os farmacêuticos que são formados pelo curso de farmácia da Unesc, todos passam por esse ambiente, pela farmácia solidária. Eles vão estar aqui aprendendo, desde esse processo de triagem, de olhar para o medicamento, reconhecer formas farmacêuticas, analisar uma prescrição, os aspectos legais, os aspectos técnicos, colocar o medicamento no sistema, fazer todo o gerenciamento de estoque, olhar o medicamento controlado, avaliar receitas controladas. Então, esses profissionais vão passar por aqui e vão ter essa formação, já com supervisão de professores em tempo integral junto com uma farmacêutica para depois poderem, após formados, multiplicar o conhecimento por onde eles vão”, detalha a coordenadora adjunta do curso.
Aproximadamente 80 alunos são formados no curso de farmácia da Unesc a cada ano, e todos eles têm a oportunidade de aprender e contribuir para esta iniciativa de solidariedade.
Descarte correto de medicamentos
Além do trabalho de doação, a Farmácia Solidária desempenha um papel fundamental na conscientização sobre a importância do descarte adequado de medicamentos, evitando assim a contaminação do meio ambiente.
“Se a gente pega medicamentos que chegam até a farmácia vencidos ou que não podem ser disponibilizados para as pessoas, descartamos de modo correto. Assim, evitamos que o medicamento vá para um vaso sanitário, para um aterro, que às vezes as pessoas acabam descartando dessa forma. Nós fazemos esse descarte correto, evitando que, por exemplo, se o medicamento vai para um rio, lá vai ter peixe, vai ter vários animais que podem ser contaminados com hormônios, podendo alterar inclusive toda a microbiota daquele ambiente. Com o descarte correto a gente garante mais um benefício da farmácia solidária”, finaliza a professora.
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