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quarta-feira, abril 24, 2024

Dia Nacional da Adoção: ato de amor que marcam vidas de adotados

Letícia Ortolan
Criciúma      

Nesta quarta-feira, 25 de maio, é comemorado o Dia Nacional da Adoção. Considerado um ato de coragem e amor, adotar exige paciência durante o processo: tanto na fila de espera, quanto para conseguir conquistar o futuro integrante da família. A Comarca de Criciúma possui 148 candidatos a pais registrados na Vara da Infância e Juventude do Poder Judiciário, e apenas seis crianças e adolescentes aptos a serem adotados.

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Durante sete anos, Aguinaldo Seolin, de 59 anos, e a esposa, Graça Apolônia Cardoso Seolin, de 50 anos, ficaram na fila de espera para adotar uma menina. Moradores do Morro da Fumaça, o casal que na época já tinha uma filha adulta, tomou a decisão da adoção após terem o desejo de aumentar a família, mas serem surpreendidos com um problema que os impediu de engravidar.

“Minha mulher tinha vontade de ter três filhas e só tínhamos uma. Quando ela completou 36 anos, decidimos tentar ter mais uma criança, mas então ela teve trombose vascular e não podia engravidar. Foi quando entramos na fila de adoção para tentar adotar uma menina de três a cinco anos. Mas o tempo ia passando e não éramos chamados”, explicou Aguinaldo Seolin.

Em 2015, após mudar mais de três vezes o perfil da criança que desejavam ter, o casal adotou duas irmãs, Talita e Natali. “Como o desejo da minha mulher sempre foi de ter três filhas, acabamos ficando abertos para isso. Lembro até hoje da ligação que recebi do Poder Judiciário, dizendo que tinham encontrado as meninas”, salientou o pai.

As irmãs hoje com dez e 13 anos foram para um abrigo temporário ainda bebês, pois sofriam maus-tratos dos pais biológicos. Quando encontraram Aguinaldo e Graça, resgataram a esperança de viver em um lar com amor, carinho e acolhimento. “A nossa família cresceu e elas trouxeram mais alegria. Somos apaixonados nas duas e elas se dão muito bem com a irmã mais velha, que é especial”, enfatizou Seolin.

O casal Simone Luiz Cândido, de 48 anos, e Valdemir Cândido, de 54 anos, também esperaram por anos para adotar a filha mais velha. Os dois moravam em Içara e desde o início do relacionamento já levantavam a hipótese de adotar uma criança. Em 2004 se cadastraram no Poder Judiciário da cidade que residiam e nas especificações, pediram um bebê de zero a um ano de idade, independente se fosse menino ou menina.

“Cresci em uma família que incentivava a adoção. Tenho vários primos que foram adotados, por exemplo. Eu tentei engravidar durante anos, mas como tinha problema de ovário, não conseguia. Até que conseguimos adotar a Naila, em 2009. Com apenas três dias de vida, ela veio morar com a gente”, disse Simone. Quando a filha completou três anos de idade, já pedia uma irmã para fazer companhia, até que o casal teve a segunda menina, Naiane.

Desde os primeiros anos de vida, Naila já sabia que tinha sido adotada. A mãe Simone sempre procurou conversar a respeito. “Já no começo, eu meu esposo explicávamos que ela era a nossa filha do coração e para a nossa surpresa, ela sempre entendeu isso muito bem”, disse Simone.

Após a adoção de Naila e antes de engravidar da Naiane, Simone tentou adotar outra criança mais uma vez. Mesmo desistindo na época, por ter engravidado, a atitude trouxe motivação para criar o Grupo de Apoio à Adoção de Içara (GEAAI), que tem como objetivo auxiliar pais enquadrados na fila de espera.

GEAAI

Presidido por Simone Luiz Cândido, o GEAAI Içara é um grupo aberto para todas as regiões de Santa Catarina. Criado em 2012, promove roda de conversas sobre adoção, elaboração de cartilhas informativas e informações através de mídias sociais (Facebook e Instagram).

“Fui incentivada pelo próprio Tribunal de Justiça para criar esse grupo e hoje vejo a importância dele. Muitos pais ficam angustiados durante o processo, pois a gente se cadastra para adotar, mas nunca sabemos quando de fato vamos conseguir. O GEAAI tem a função de instruir nesse momento em especial”, afirmou Simone.

“Ele nos escolheu”

Fernando da Cunha Generoso, de 46 anos, e seu marido, Sérgio Roberto Batista, de 56 anos, não pensavam em adotar uma criança até conhecerem Yuri.

A família de Criciúma, que foge do modelo tradicional, enfrentou vários preconceitos durante o processo de adoção. Mas mesmo assim, não desistiu de adotar o menino. “Ele nos escolheu”, disse Generoso, que conheceu Yuri na escola onde trabalha como professor. “Lembro que ele era uma criança quieta, distante e não se abria com ninguém. Após tempos de aproximação, ele me olhou um dia no intervalo da aula e disse que queria ser adotado por mim e pelo meu marido”, acrescentou.

Yuri, de 15 anos, morava em um abrigo. Na escola, recebeu de Fernando o amor que nunca tinha ganhado antes. Foi quando veio o pedido de ser adotado por ele e por Sérgio.

“Ele olhou pra mim e disse que queria ser adotado por nós dois. Na mesma hora, liguei para o Sérgio e falei a respeito, eu já comentava do Yuri pra ele. Conversamos e decidimos que entraríamos na fila para conseguir adotar ele. Em março de 2017 iniciamos com o processo e em agosto do mesmo ano, conseguimos a oficialização”, enfatizou Fernando.

Na esperança

“Não vou mentir que tem horas que dá vontade de desistir de tudo, porque o Conselho Nacional de Justiça não facilita”. A fala é de Daiani Piva, de 40 anos. Ela e o marido, Ederson Pagnan Sartor, de 41 anos, tentam adotar uma criança há oito anos, após tentativas frutadas de ter um filho biológico.

O casal de Morro da Fumaça foi até o Fórum de Urussanga, em 2013, e por informações de que não abriria turma de capacitação para o curso de adoção, foram para Tubarão. “Fizemos o curso nessa cidade vizinha, papéis, documentos. Passamos por psicóloga, assistente socila e fiquei na expectativa, de que a qualquer momento iríamos ser chamados para adotar uma criança no nosso perfil. Que era sem distinção de cor, de sexo, com doenças tratáveis”, disse Daiani, que até hoje, aguarda pela adoção.

Atualmente, para suprir a frustração, o casal adotou um cachorro. “Nós adotamos um companheiro de quatro patas. Mas cada vez que um telefone estranho toca, meu coração dispara na esperança de um telefonema de algum fórum, ou assistente social de outra comarca”, finalizou Daiani.

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