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quarta-feira, abril 24, 2024

Deficiente visual de Cocal do Sul aprende a resolver o cubo mágico

Os professores demoraram dois anos para chegar a uma configuração ideal e tem como objetivo torná-lo o padrão brasileiro

Como é um cubo mágico e como podemos fazer para resolvê-lo? É um objeto colorido com cores que podem ser embaralhadas e que tem como desafio colocar todas de volta em cada uma das suas seis faces quadradas. A resolução exige a aplicação de uma série de passos para que as camadas sejam arrumadas. É desta maneira que a maioria das pessoas costumam explicar este quebra-cabeça tridimensional que o mundo inteiro conhece. O sul-cocalense Laélio Inácio, 54 anos, acadêmico de jornalismo da UniSatc, não pode definir o cubo com as mesmas palavras. Ele é uma pessoa com deficiência visual total. Há aproximadamente 23 anos, perdeu a visão devido a um glaucoma agressivo.

Laélio lembra das cores, porém não as memoriza porque é tempo perdido e energia desperdiçada. Depois de aprender os algoritmos de resolução pelo método de camadas com uma colega da faculdade, passou a fazer parte de um grupo de cubistas que apresentam a mesma deficiência e trocam experiências pelas redes sociais. “Eu sei que o meu cubo tem uma face lisa oposta a outra com florzinhas, uma face com triângulos oposta a outra com quadrados e uma face com bolinhas oposta a outra com bolonas. Sei que tenho que sincronizar as peças iguais. Eu digo que embaixo é a garagem, depois tem o primeiro andar do prédio, o segundo andar e o terceiro andar e na parte de cima é o telhado”, explicou.

No mês passado, ele ganhou dois cubos diferentes e um tetraedro que é conhecido como piramynx, adaptados para pessoas com deficiência visual. Os objetos foram idealizados pelo professor de matemática, Armando Paulo da Silva, e pela professora de Ciências, Solange Margarida Campioto da Silva. O casal mora em Cornélio Procópio, no Paraná. Durante a execução do projeto de cubo mágico em escolas, eles conheceram crianças com essa deficiência e tentaram ajudá-las. Solange também é artesã e ajudou a testar chatons que são peças usadas em artesanato, lisas de um lado e com algum tipo de desenho geométrico do outro. “Testamos pedrinhas adesivadas, madeiras, várias coisas. Foi na cidade de Maringá que vi os chatons e começamos a aplicar. Tem o tronco de pirâmide com base quadrada, pirâmide de base triangular, as calotas, as meias esferas e as florzinhas. Colamos as peças com correlação tátil para facilitar a aprendizagem”, explicou o professor.

Os professores demoraram dois anos para chegar a uma configuração ideal e tem como objetivo torná-lo o padrão brasileiro. Este projeto beneficiou aproximadamente trinta pessoas até o momento. “Existem muitas leis, a propaganda é bonita, mas na prática a acessibilidade não acontece. Segundo o último censo somos mais de meio milhão de brasileiros totalmente cegos. Então, este projeto pode ser espalhado para ajudar muitas pessoas e ajudar no desenvolvimento de suas habilidades”, avaliou Laélio.

Nesta última quarta-feira, dia 18, alunos da Escola Cristo Rei, de Cocal do Sul, tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da história do morador do bairro Monte Carlos. A motivação que gerou este encontro foi despertada pelo interesse dos alunos em aprender a resolver o cubo mágico e o exemplo que ele dá ao querer aprender coisas novas.

O sonho dele em ser universitário era antigo, mas as condições econômicas da família impediram que continuasse os estudos quando jovem. Em 2004, ele terminou o Ensino Médio e em 2019 voltou a estudar depois de ouvir uma propaganda do ENEM. Ele trabalhou em lavoura, fábrica, como garçom, foi massagista, candidato a vereador e fez trabalhos na igreja que frequentava. Mas sempre desejou ser jornalista para atuar em rádio onde já tem experiência. “Quero não esqueçam que a pessoa vem antes da deficiência eu nunca desistam dos seus sonhos”, finalizou deixando esta mensagem aos estudantes.

Cocal do Sul realizará o 2º Campeonato Municipal de Cubo Mágico

O 2º Campeonato Municipal de Cubo Mágico de Cocal do Sul será realizado no dia 21 de outubro, no horário das 8 às 11 horas, na Praça Mariza Terezinha Búrigo Pagnan (praça coberta).

As inscrições podem ser feitas antecipadamente com os professores das escolas Demétrio Bettiol e Cristo Rei, Lucas dos Anjos ou Ana Lúcia Pintro. Serão aceitas inscrições no dia do campeonato no horário das 8h às 9 horas. A expectativa é que o número de inscritos seja superior a 30 competidores.

Os três primeiros colocados serão premiados com medalhas. Os alunos da Escola Cristo Rei que participarem das provas serão presenteados com um passeio na Trilha do Salto Branco, em Treviso.

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