22.6 C
Criciúma
terça-feira, abril 23, 2024

As diferentes formas de ser mãe

Thais Borges/Especial
Criciúma, Balneário Rincão e Araranguá

Dizem que não existe amor igual ao de mãe. Mas, só quem passou por isso sabe dizer. E elas falam que é verdade essa ternura da maternidade. Os filhos gerados no ventre e também os de coração (adotivos), são criados por essas mães com carinho, sentimento de proteção e, com uma visão de futuro, pensando na construção de uma pessoa com princípios de igualdade, respeito e amor pelo próximo.

> Clique aqui e receba as principais notícias do sul catarinense no WhatsApp

Sejam mães solteiras, acompanhadas ou adotivas, todas experimentam o mesmo sentimento: o de cuidar e guiar os filhos para um caminho próspero. Maria Eduarda mora em Criciúma, tem 22 anos e é mãe solteira. Seu filho Ravi vai completar um ano e, desde os seis meses de gestação, ela cria ele sozinha. Ela comenta sobre o desafio. “Minha família é toda do Rio Grande do Sul, não tenho ninguém aqui. É tudo comigo. A maior sobrecarga da mãe solo é a exaustão”.

Além de criar Ravi, Maria trabalha, faz faculdade e está tirando a sua habilitação. “Levo meu filho para a creche de ônibus, volto, busco, faço autoescola. Quando chego em casa tenho que dar banho, limpar a casa, lavar a louça, tomar um banho, se preparar para mais um dia”, explica a rotina. “Como eu ainda amamento, acaba sendo um pouco mais exaustivo também”.

Mesmo com tantos compromissos, Maria conseguiu concluir o trabalho de conclusão de curso (TCC) da sua faculdade. Ravi foi levado junto no dia para acompanhar a apresentação da mãe. “Foi uma luta fazer um TCC com um bebê. Fui aprovada, então tudo certo. Desde a gestação até agora, não tranquei nenhuma cadeira da faculdade”, completa.

Ravi foi levado junto no dia para acompanhar a apresentação do TCC da mãe Maria – Foto: arquivo pessoal

 

De coração

Eles podem não ser de sangue, mas o amor é tão grande como se fosse. Os filhos adotivos nas vidas das mães preenchem uma vontade materna que surge em muitas mulheres. O caso de Sandra Scarabelot Machado de Jesus, de 49 anos, é um exemplo muito especial. Após quatro tentativas, a mãe pensou em adoção; “Tive duas gravidezes. Uma foi até aos nove meses e outra até aos cinco. O feto tinha má formação. Depois, eu perdi mais um de três meses de gestação e outro, tive gravidez ectópica, onde tirei as trompas”, relembra Sandra. 

Foi aí que surgiu o pensamento de adoção. “Em 21 de março de 1997, no Fórum de Araranguá, eu adotei o meu filho. Só tenho ele”. Hoje, com 25 anos, Eduardo Machado de Jesus é casado e deu dois netos para Sandra: uma menina de seis e um menino de dois anos. Sandra lembra a recepção dos parentes. “Foi inexplicável. Minha família toda unida para receber ele. Quando ele chegou, a responsabilidade aumentou muito”.

Para quem pensa em adoção, Sandra defende que “para sentir esse amor de mãe não precisa ter filho biológico. O amor que você vai sentir por ele vai ser tão grande que isso se torna um pequeno detalhe em sua vida”. 

Sandra com seu marido, filho, nora e seus dois netos – Foto: arquivo pessoal

Paixão pela maternidade

Kacia Ariele Catâneo, de 24 anos, descobriu sua gravidez após um mês e meio de gestação. Hoje ela está esperando por um menino, que vai chegar nos próximos cinco meses. A futura mãe afirma que já tinha comentado com o marido sobre uma possível gravidez. “Estávamos no final do ano passado e começo deste falando para planejar. Deus é muito perfeito”, conta. Kacia revela o que sente sobre a novidade. “É uma emoção atrás da outra descobrir ser mãe. Eu não me imaginava”, fala.

A artista visual está animada. “É muito lindo saber que agora vai vir outro artista, quem sabe”, espera Kácia. Com a gestação, o corpo muda, e, em cada detalhe, a futura mãe fica apaixonada. “O corpo da mulher é uma loucura. É lindo saber e viver. Cada toque que eu sinto, ele dando pequenos chutinhos, eu fico com o coração diferente”, relata. “Estamos ansiosos”, complementa.

Não é fácil

Apesar de todas as maravilhas de ser mãe, o papel não é fácil. A maternidade exige atenção e disciplina, o que deixa as mamães bem cansadas. O que as mulheres que já tiveram filhos sabem é que não é bom romantizar o lado difícil de ser mãe. “Já atendi algumas mães. As maiores queixas eram de não ter pensado tanto sobre a maternidade, que não tinham se planejado o suficiente e, quando se viam na maternidade, tinham dificuldades que eram contrárias aquelas idealizações iniciais”, explica a psicoterapeuta Caroline Scussel, que atua em Criciúma e é formada em psicologia existencial sartreana.

Entre as maiores reclamações, estão a falta de apoio às mães. Caroline fala que os pais “nem sempre conseguiam ser presentes e auxiliar as mães”. 

“Infinitas formas de ser família”

A psicóloga Luane Barth explica que existem outras maneiras de experienciar a maternidade. “Tem infinitas formas de ser família hoje em dia. Não existe mais só aquele modelo tradicional onde tem um pai, uma mãe e uma criança que está chegando”.

Sentimento de culpa. Luane relata que a maioria das mães acredita estar fazendo  algo errado. “É unanimidade entre a verbalização materna sentir-se culpada. Existe uma aflição muito grande dessas mães, por não saber se estão indo da forma certa, se a atitude que elas têm é a melhor para o filho, principalmente mães que vieram de uma educação mais rígida”, apresenta. “Sempre digo para elas que cada mãe é especialista do seu filho. Ambos aprendem juntos. A mãe também é um ser humano, tem outros papéis. O maternar é um dos vários papéis que essa mulher desempenha no dia a dia”, conclui.

Últimas