Assim como outros países da América Latina, inclusive no Brasil, a década de 1980 na Argentina foi marcada pela transição do regime ditatorial militar para a democracia. Apesar dos processos terem se dado de forma diferente em cada país, uma coisa certamente eles têm em comum: o sentimento de esperança de que dias melhores virão – que não necessariamente foram correspondidos de imediato. É com esse clima que se inicia o novo filme da Paramount Plus, “O Sequestro”, que estreia na plataforma no dia 3 de novembro, depois de ter estreado no Festival de Veneza e passado pelo de Toronto ainda este ano.
O protagonista de “O Sequestro” é Julio Levy (Rodrigo de la Serna), filho de um poderoso banqueiro argentino. Quando o filme começa, o personagem está voltando para Buenos Aires, sua cidade Natal, depois de ter passado anos no exílio. A alegria de retornar ao local onde toda sua família está logo é substituída por preocupação, angústia e responsabilidade quando Julio vê o seu irmão ser sequestrado no meio da rua e em plena luz do dia por homens com os rostos tampados. Logo começam as chantagens para que o irmão seja liberado em troca de dinheiro.
Na ausência do irmão, o protagonista fica responsável não só pelos negócios da família, mas também pela comunicação com os sequestradores. Sem grandes avanços e com pouca mobilização das autoridades para concluir o caso, Júlio começa a perceber que há uma clara ligação entre o grupo de sequestradores do seu irmão e políticos e militares que antes, no período da ditadura, estavam no poder – algo que faz cair por terra a sua esperança de que novos tempos haviam chegado. “O Sequestro” é livremente inspirado no livro “El Salto de Papá”, do jornalista argentino Martin Sivak, que narra o sequestro de seu pai no período pós ditadura militar.
por Kreitlon Pereira
colunavia@gmail.com
