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Criciúma
quinta-feira, março 28, 2024

Cerveja para quem gosta de pôr a mão na massa

Geórgia Gava e Thiago Oliveira

Criciúma

Há 30 anos, Clézio Ortolan e o irmão Cláudio decidiram produzir cerveja. Com muitas dificuldades pelo caminho e com mais erros do que acertos, os dois desistiram. Praticamente duas décadas depois, o criciumense deu uma nova chance ao ramo quando experimentou o produto feito de forma artesanal por um colega. Mal sabia ele que a oportunidade serviria como impulso para criar um estabelecimento pioneiro na região: a loja Magos da Cerveja.

Uma ideia que começou pequena, com amigos que se reuniam para fabricar a própria cerveja no porão de um escritório. “Alguns engarrafavam, outros lavavam panelas. Toda sexta-feira. Era fantástico. É uma emoção inexplicável abrir a cerveja que tu mesmo fizeste. Dali para frente, eu pensei que era isso que eu queria, porque além de eu ajudar os outros a fazer, eu estava dentro de algo que eu gosto”, comenta o proprietário da loja.

Com o espírito empreendedor, uma oportunidade à vista e o sonho de criar uma loja para comercializar insumos para cerveja, veio a necessidade de um local maior. Foi aí que Ortolan alugou uma sala em uma das ruas mais movimentadas de Criciúma: a Joaquim Nabuco. Com a ajuda da esposa e do filho, o empresário toca o próprio negócio, onde comercializa insumos como lúpulo, fermento e malte e, é claro, a própria bebida. “Comecei com a lojinha, aí vinha um cliente e perguntava se não tinha cerveja para consumo, então comecei a vender para um, para outro. E o negócio foi crescendo. As pessoas começaram a vir direto. Daí criei o pub. Coloquei as torneiras e ainda continuo vendendo os insumos”, acrescenta o empreendedor.

Conhecimento cada vez mais acessível

Além da dificuldade em encontrar insumos, a falta de informações sobre a fabricação da cerveja também foi um empecilho para quem arriscava produzir. Agora, com o acesso à internet e o mercado em alta, a profissionalização e o conhecimento estão acessíveis a quem quer ingressar no ramo. E, disso, Ortolan entende. “Quando eu comecei, foi de curioso. Mas, depois, fiz cursos sobre levedura, lúpulo, sanitização”, explica o empreendedor. “Hoje, também dou aula para cervejeiros, de forma individual. A pessoa agenda comigo, a gente vai ali e faz a cerveja juntos. Passo a passo. É um curso prático, não teórico. Mas eu dou toda a explicação sobre para que serve o malte, de onde vem o açúcar, ou seja, todas as especificações. A pessoa sai daqui sabendo fazer a bebida”, completa.

O empreendedor criciumense não abre mão do processo à moda antiga. “Quando eu faço, ainda é na panela, bem tradicional. Nas grandes cervejarias é tudo mecanizado. Aqui, não. É do modo mais simples, com o equipamento que criei, bem artesanal.  É necessário cuidar do processo todo”, pontua Ortolan.

A intenção do produtor de cervejas nunca foi abrir uma indústria com foco na comercialização da bebida. Pelo contrário, os caminhos levaram a esse mercado. Portanto, manter o processo tradicional, garantir experiência e passar adiante os preceitos da produção continuam sendo os objetivos de Ortolan. “O pub da Magos, é um negócio. Mas, fazer cerveja, é um hobby”, enfatiza o empreendedor.

Mantendo a essência

Curiosidade. Interesse. E, é claro, gosto pela cerveja. Foi assim que o urussanguense Tiago Teixeira passou a produzir a própria bebida com o amigo, Rodrigo Rosso. Juntos, os dois se aventuram em ingredientes, sabores e receitas que proporcionam experiências únicas, compartilhadas apenas com os mais próximos.  “Eu sempre gostei bastante de cerveja, mas, também, de tudo que é feito à mão, artesanalmente”, conta Teixeira.

Rodrigo se dedica há mais tempo como cervejeiro artesanal e possui um espaço exclusivo para se entreter com a atividade. No porão de casa, dá espaço a uma espécie de taberna, inspirada em pubs europeus. Quando deu início à fabricação da bebida, assim como a maioria das pessoas que também tentaram, não havia insumos. Foi aí que Tiago entrou na história, já que conhecia o proprietário da Magos.

E foi através do hobby que passou a conhecer ainda mais pessoas. “Eu faço amigo todo dia por causa da cerveja. Seja em um pub ou em grupo de WhatsApp. Por ser um processo complexo, que não é fácil e tem muito erro, as pessoas trocam informações e cria-se uma rede”, completa o arquiteto.

O objetivo dos amigos, que tanto se divertem com a fabricação das cervejas, é manter a essência do modo artesanal. Raiz e tradicional. Em pequena escala, com atenção a todos os processos. “Eu acho que, futuramente, tem grande chance de um dia virar negócio. Mas, se continuar sendo exclusivo e feito em casa. Porque, se industrializar, perde a graça, o encanto. Por enquanto, a gente mantém dessa forma, é legal e o pessoal gosta”, pontua Teixeira.

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