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Criciúma
sexta-feira, março 29, 2024

Baixa procura faz Criciúma lançar grande campanha de vacinação

Gustavo Milioli
Criciúma

Se o povo não vai até as vacinas, as vacinas vão até o povo. Preocupado com os baixos índices de imunização, o Governo Municipal de Criciúma lançou nessa quinta-feira uma campanha de conscientização. Além de levar para as comunidades a informação da importância de manter o esquema vacinal em dia, os criciumenses poderão receber as aplicações nos três grandes parques da cidade.

A mobilização foi chamada de ‘Criciúma Vacina’. A Vigilância em Saúde de Criciúma apresentou dados preocupantes no ato de lançamento, no Salão Ouro Negro do Paço Municipal, que contou com a presença de diversas autoridades municipais.

“Criciúma sempre teve a tradição de atingir os índices estabelecidos pelo Ministério da Saúde, porém, nos últimos anos, não tem sido assim. Acreditamos que a pandemia influenciou bastante nestes indicadores. Hoje, aquelas metas que são de 90%, nós estamos com uma média de 47%, seja das vacinas de rotina, ou das de campanha”, alerta Samuel Bucco, gerente da Vigilância em Saúde.

Bucco citou os seguintes exemplos: a vacina BCG, que a criança toma logo quando nasce, protegendo-a de doenças como tuberculose, tinha um índice de 96% em 2018. Neste ano, o percentual está em 26%. O imunizante contra a hepatite B, também aplicada nas primeiras horas após o nascimento, segue a mesma tomada. Em quatro anos, caiu de 92% para 29%.

Contra o rotavírus, a taxa, que foi de 89% em 2019, está em 28% em 2022. A poliomielite, já erradicada no Brasil, está com o status ameaçado. Os pais estão deixando de levar as crianças para tomarem a ‘gotinha’ e evitarem a paralisia infantil. Em Criciúma, o índice atual é de apenas 31%, muito abaixo dos 84% registrados em 2018.

O cenário não muda quando se fala em hepatite A, febre amarela e pneumocócica. Todas as vacinas de rotina não passam dos 30% de aceitação. O gerente também trouxe dados referentes ao coronavírus. Mais de 95 mil criciumenses não compareceram para tomar a terceira dose contra a doença. Do público infantil, entre cinco e 11 anos, praticamente a metade sequer recebeu alguma aplicação.

“Estamos com três campanhas em andamento: a da Covid-19, que é a mais longa da história, a do vírus influenza e o do sarampo. De uma meta de 90%, apenas 40% se vacinou contra o sarampo. São números bastante impactantes”, revela Bucco, que atrelou o aumento no número de casos ativos de coronavírus em Criciúma à baixa procura pelas doses de reforço. “Há um mês, tínhamos 118 casos ativos. Hoje, são mais de 350. É reflexo dessa baixa cobertura vacinal”, observa.

Dia ‘D’ em 25 e 26 de junho

Os três grandes parques da cidade (Nações, Altair Guidi e Imigrantes) receberão uma ação de vacinação em massa no último fim de semana do mês, entre os dias 25 e 26. Os profissionais da saúde estarão apostos para aplicarem todos os imunizantes citados nesta reportagem. A pergunta central que o Governo Municipal traz é: ‘Se você vacina o seu filho todos os anos, por que agora seria diferente?’

“Há 10 dias, levei esses números até o gabinete do prefeito. É difícil de entender o porquê de as pessoas não estarem indo se vacinar. Já que a comunidade não está comparecendo até as unidades, nós estamos indo aos parques, nos dias 25 e 26, para que todos tenham a oportunidade”, afirma Arleu da Silveira, secretário da Saúde, acrescentando que, dos cerca de 600 profissionais vinculados à pasta, 150 estão afastados por atestado médico. “Não há como alguma empresa sobreviver assim”, completa.

“Eu tenho procurado entender o motivo de as nossas crianças não estarem sendo vacinadas. Os leitos de UTI neonatais e pediátricos estão abarrotados e em falta. Será que deveremos sempre procurar um culpado, ou será que devemos entender o que não estamos fazendo? Boa parte destas crianças ocupando leitos de UTI não tomaram nenhuma vacina. É fácil dizer que o governo não fez a parte dele. Mas será que os pais estão fazendo a sua parte? Nós sabemos que o caixão mais pesado para carregar, é o menor”, enfatiza o prefeito Clésio Salvaro.

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