Tiago Monte
Criciúma
Após mudar de nome e de cores, Criciúma se consolida no Brasil e constroi nome também na América do Sul, em função da participação na Copa Libertadores da América de 1992. Título nacional é o maior de Santa Catarina, nos gramados, até hoje
Para comemorar os 76 anos do Tigre, completados no dia 13, e celebrar o momento positivo vivido pelo clube, o jornal Tribuna de Notícias e o portal TNSul.com, contam até o final deste mês, a história carvoeira com o projeto Tigre 76 Anos. Nesta edição, a consolidação do nome Criciúma Esporte Clube, a mudança de cores e a chegada ao topo com a conquista da Copa do Brasil e a participação na Copa Libertadores da América.
No início de 1978 assume como presidente do Comerciário o conselheiro Antenor Angeloni, que delineou como sua meta principal ampliar a ligação entre o Comerciário Esporte Clube e a população da cidade de Criciúma.
Antenor Angeloni afirma que, como não seria possível apagar da memória da população com relação aos sentimentos acerca das antigas paixões desportivas, seria necessário de a mudança ocorresse a partir do Comerciário Esporte Clube.
Desta forma montou uma estratégia para inicialmente inserir o clube nos torneios mais importantes e posteriormente criar uma ligação do clube com toda a cidade de Criciúma. No dia 17 de março de 1978, em uma sexta-feira, exatamente às 20h40min, iniciou-se a reunião do conselho deliberativo do Comerciário Esporte Clube, com duração de aproximadamente 3 horas, nas dependências do ginásio Colombo Machado Salles, onde tinha como uma das pautas a troca do nome do clube para Criciúma Esporte Clube.
O início do processo de votação foi determinado pelo então presidente do Conselho Deliberativo, João Kantowits, o qual escolheu para apuradores dos votos os conselheiros Olavo Sartori e Carlos Borba, tendo como secretário Nereu Guidi. A votação começou e cada conselheiro tomava seu espaço na fila para votar. No final das votações foi anunciado o resultado final de apontou 51 votos para a troca do nome da agremiação para Criciúma Esporte Clube e de 24 votos pela manutenção do nome de Comerciário Esporte Clube, tendo um voto sido anulado e um foi branco, não votaram três conselheiros.
E, deste dia em diante, até os dias de hoje, a feliz ideia de um grupo de jovens criciumenses que, reunidos debaixo da figueira da praça Dr. Nereu Ramos, fundaram um grande clube de futebol, que continua rendendo muitas alegrias para os criciumenses.
As primeiras reformas no estádio Heriberto Hülse
Construído em 1973, o estádio Heriberto Hülse começou a ser reformado no começo da década de 80. As curvas, antes vazias, começaram a ganhar arquibancadas. O ginásio Colombo Machado Salles começou a “desaparecer” na paisagem com a chegada das novas estruturas para acomodar os torcedores.
O primeiro grande time da história
O time de 1982 é considerado por muitos o melhor que a cidade já teve. O meio campo contava com Edgar, Paulinho Criciúma e Luiz Freire. No ataque Anchieta e Vargas. Mais tarde viria Paulinho Cascavel.
Este time deu a primeira glória ao Criciúma ao vencer o Flamengo por 4 a 2, logo após o mesmo ter sido campeão do mundo. Os gols foram marcados por Luiz Freire, Vargas, duas vezes, e Naldo para o Criciúma; Lico e Zico para o Flamengo.
A equipe que venceu o Flamengo era treinada por Lori Sandri. O jogo foi no dia 25 de fevereiro de 1982 e o time do Criciuma jogou com: Zé Carlos, Assis, Larry, Eduardo e Alvaro; Edmar, Paulinho Criciúma e Luis Freire; Mica, Vargas e Anchieta. No segundo tempo, entraram Naldo, Serrano e Dagoberto. Foi a primeira derrota do Flamengo após o título Mundial. “Nós tivemos a alegria de bater o Flamengo com time completo: Zico e todo mundo. Foi um dos jogos mais fantásticos que Criciúma já viu. E eu tive a felicidade de estar em campo. São recordações que levo para o resto da minha vida. É inesquecível”, diz Paulinho Criciúma.
O jogador, criado na base carvoeira, exalta o fato de ter começado na base do clube. “Tive a felicidade de ter sido criado e começado no time da minha cidade. Trabalhei com presidentes sensacionais como Antenor Angeloni, que foi um cara fantástico e seu Oswaldo Souza, praticamente um dos fundadores do clube. Eu quero parabenizar a cidade de Criciúma por ter o clube”, destaca Paulinho.
No dia 11 de dezembro de 1982, o Criciúma viria a perder o campeonato estadual para o Joinville ao empatar, em casa, em 1 a 1, Sendo que em 1981, já havia perdido a primeira decisão no estádio Ernestão. A torcida, revoltada com o resultado, invadiu o campo, transformando o estádio Heriberto Hülse numa praça de guerra. Houve confronto entre polícia e torcedores. A polícia militar de Florianópolis estava em peso e usou bombas de gás lacrimogêneo, além de soltar cães policiais treinados contra a turba. Muita gente foi parar no hospital e o episódio repercutiu nacionalmente.
Riqueza, carvão e harmonia no manto do clube
No dia 13 de maio de 1984, o Criciúma deixou de usar as cores azul e branco e começou a utilizar o amarelo, preto e branco. As cores não foram escolhidas ao acaso e cada uma possui um significado que liga o time à região. O preto simboliza o carvão, uma das principais atividades econômicas dos municípios do Sul. O amarelo simboliza a riqueza da região. O branco era uma cor comum a todos os times da época e leva a harmonia ao conjunto.
O dia escolhido para a estreia das novas cores foi o mesmo que o Criciúma completaria 37 anos. O jogo valia pelo campeonato estadual e o adversário era o Joinville, que saiu ganhando por 2 a 0. Tudo parecia perdido, até que o árbitro Dalmo Bozzano marcou um pênalti em favor do Criciúma. Zé Carlos Paulista (ex-Joinville) bateu e diminuiu. Quase no final Galvão (também ex-Joinville) avançou pela lateral, invadiu a área e bateu forte empatando o jogo. A torcida foi a loucura, pois Galvão demonstrou muita raça na jogada e por ele ter feito, contra, o segundo gol do Joinville. Aquele empate, teve sabor de vitória.
Um esquadrão montado no meio da década de 80
Na década de 80, o Criciúma conquistou o campeonato catarinense em duas oportunidades: 86 e 89. Além disso, o clube foi vice-campeão em quatro oportunidades. O primeiro título encerrou o octacampeonato conquistado pelo Joinville: de 1978 a 1985. “Tudo começou em 1986. A caminhada vitoriosa do clube iniciou lá. Em 1985, o Criciúma passou por uma dificuldade muito grande, no Estadual, e, naquela ocasião, houve uma reestruturação grande no Departamento de Futebol. Muitos jogadores foram contratados, em 86, com uma metodologia nova e uma mentalidade vitoriosa”, lembra Sarandi, lateral direito campeão da Copa do Brasil e que chegou ao clube nesta reestruturação.
A ideia foi a incorporação de jogadores jovens ao elenco, para que se montasse uma base duradoura. “E foi assim que aconteceu: em 86 fomos campeões estaduais e quebramos a hegemonia do Joinville. Conseguimos dar o primeiro passo em busca de um sucesso que se manteria por muito tempo”, comenta Sarandi.
Em 1989, o time volta a ser campeão estadual, conquistando também em 1990 e em 1991 com o tricampeonato estadual. “A visão da direção deu resultado e a caminhada foi de obtenção de títulos”, destaca.
Vitória sobre o Grêmio e taça no armário
Com Luiz Felipe Scolari, começando a ter destaque como técnico, o Criciúma surpreendia o Brasil ao conquistar a Copa do Brasil de 1991. O time não tinha somente Felipão como destaque. Grizzo, Roberto Cavalo, Alexandre Pandóssio, Soares, entre tantos outros, levaram o clube a conquista de forma invicta, após dois empates com o Grêmio na final. Integrante daquele elenco, Vanderlei Mior é o jogador que mais vestiu a camisa tricolor (431 jogos) e também é o artilheiro do clube com 84 gols marcados.
Depois do 1 a 1 com o Grêmio na partida de ida, o empate sem gols na volta, no estádio Heriberto Hülse, em 2 de junho, deu a taça ao Tigre. Diante de 19.525 torcedores, a equipe comandada por Felipão celebrou o primeiro título nacional do futebol catarinense. O grupo base tinha: Alexandre; Sarandi (Jairo Santos), Vilmar, Altair (Wilsão) e Itá;Roberto Cavalo, Gélson e Grizzo; Zé Roberto (Vanderlei), Soares e Jairo Lenzi. Técnico: Felipão. “Sabemos que, sem os atletas e a comunidade de Criciúma, não conseguiríamos nada. Foi maravilhoso, espetacular”, disse o treinador, durante a comemoração de 30 anos do título, em 2021.
Com o título da Copa do Brasil, o Criciúma assegurou vaga na Libertadores da América de 1992, sendo o primeiro time catarinense a participar de uma competição internacional desse porte. Terminou a fase de grupos na liderança do grupo e com a melhor campanha, e avançou até as quartas-de-final, então sendo eliminado pelo São Paulo, de Telê Santana, que acabaria campeão da competição e do Mundial de Clubes do mesmo ano.
O Criciúma conquistou o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro também em 1992, com a terceira colocação na segundona. Chegaria ainda nas quartas de final da Copa do Brasil, eliminando outra vez o Atlético Mineiro, antes de sucumbir ao Fluminense. A sequência da década foi positiva aos tricolores, permanecendo na primeira divisão por cinco temporadas consecutivas, um recorde para o clube.
Os ex-presidentes do período
1- Antenor Angeloni 1978-1980
2- Guido José Búrigo 1981
3- Domerval Zanatta 1982
4- Silvio Damiani Búrigo 1983
5- Antenor Angeloni 1984
6- Moacir José Fernandes 1985-1992
7- Afonso Back – 1992
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