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segunda-feira, dezembro 11, 2023

A manutenção de um apartheid gourmet

Como estamos incluindo esta parcela, que representa 54% da população, nos anúncios de marketing?

Artigo

Há alguns anos, eu fiz uma publicação nas minhas redes sobre o Dia da Consciência Negra, definindo, naquele momento, a palavra consciência segundo o dicionário. Tendo esta questão pacificada, defendia a normalização da existência da população negra no nosso dia a dia. Ainda seguimos, no entanto, precisando lutar sobre este mesmo assunto. Venho agora trazer um outro ponto de vista, talvez um sacode, referente a algo que ainda passa despercebido devido a tantos preconceitos e resistências.

Diante de uma ação de marketing de uma rede de shoppings aqui de Santa Catarina, enviei um email para criticar, mas buscando um caminho pelo qual pudesse fazer a rota deles mudarem: FATURAMENTO! Sim, o poder aquisitivo e de consumo desta população tão escantilhada, movimenta no Brasil R$1,7 trilhão por ano. Num mundo capitalista, tem que ser muito desprovido de inteligência para ignorar estes números. Existem pesquisas que mostram que o consumidor negro se dispõe a pagar 20% a mais em produtos com representatividade. Quando bradamos que a representatividade importa, que queremos “nos ver”, é pelo senso de pertencimento, do cuidado e da certeza de que existimos para os olhos do mercado.

Outras pesquisas garantem, através de números, que empresas que diversificaram seus quadros, aumentando o número de mulheres, negros, lgbtqia+, faturaram mais. Ter consciência não nos torna melhores, quando não usamos este saber para mudar o status quo. Ela realmente vai ser eficaz, quando ativamente for usada para fazer a diferença. Fazer a verdadeira revolução que tanto almejamos há décadas.

Como estamos incluindo esta parcela, que representa 54% da população, nos anúncios de marketing? Quantos negros estão em diretorias de empresas? Quantas mentes negras estruturam as campanhas publicitárias? Quantos negros planejam o futuro destes negócios? De quantos empresários negros tu consome? Onde a tua consciência está te levando? Para um caminho de igualdade ou para a manutenção de um apartheid gourmet?

Fica aqui o meu questionamento para que no mês da consciência, tenhamos um olhar mais profundo sobre o consumo negro em nossas cidades.

Bia Vargas

Empreendedora
Santa Catarina

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