Criciúma
Paulo Paixão
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A malha ferroviária faz parte da história do desenvolvimento econômico da Região Carbonífera, porém com o passar dos anos e o crescimento urbano alguns trechos acabaram sendo engolidos pelos bairros. Criciúma, por exemplo, possui aproximadamente 15km de ferrovia, entre os limites dos municípios de Siderópolis e Içara.
Um dos bairros por onde a malha ferroviária passa é o Pinheirinho. É este bairro que busca junto a concessionária Ferrovia Tereza Cristina (FTC) uma possível mudança no trajeto da ferrovia, buscando acabar com alguns problemas elencados por moradores.
REQUERIMENTO
Recentemente o vereador criciumense Miri Dagostim (Progressistas) encaminhou um requerimento à Ferrovia Tereza Cristina buscando informações sobre um possível projeto ou estudo que viabilize a mudança de trajeto. “Enviei à Ferrovia Teresa Cristina, para ouvir dela se existe algum estudo para retirar a ferrovia do bairro Pinheirinho. O bairro Pinheirinho está pedindo socorro por várias situações, mas acredito que a melhor alternativa seria a retirada do trilho dali”, comentou o legislador.
Dagostim ainda explicou os motivos que fizeram ele enviar tal documento à FTC. “Aquela região hoje era para ser um cartão postal da cidade. É um polo educacional, e por ali trafegam 40 mil pessoas por dia para a universidade, para o Cedupe, para o bairro da Juventude, a Satc e na verdade está tendo um transtorno muito grande, o trânsito não caminha, uma insegurança total, a qualidade de vida caiu muito naquela região. Os comerciantes estão me procurando, eu tenho visitado ali, alguns deles fechando o estabelecimento, vendendo residência, perdendo o valor das residências, então, nós temos que criar esse debate, para que junto com as entidades, com o governo da cidade, a associação comercial ver algo que levante aquela região”, explicou o vereador à reportagem.
Para o representante do Poder Legislativo o que poderia ser criado era uma mudança do traçado da ferrovia, desviando o bairro e ali criar outras alternativas. “Ali deveríamos criar uma alternativa, um metrô que possa levar, buscar os alunos, não sei, mas hoje, como está, não pode continuar”, citando uma mudança econômica e social que ocorreu após a criação da avenida Centenário em Criciúma.
Moradores locais citam a falta de segurança
A solicitação do vereador Miri Dagostim foi confirmada por alguns moradores do Pinheirinho que estão insatisfeitos com a atual realidade do bairro. A Associação de Moradores do Bairro Pinheirinho (Ambap), envolvida nas questões comunitárias acredita que precisa ser feito um estudo amplo com todos os envolvidos. “Na verdade precisa-se de um estudo amplo da FTC em conjunto com o poder público para uma grande revitalização, principalmente na área central do bairro, em torno das duas praças e avenida, pois isso afetará e muito a mobilidade urbana e também a segurança na região, incluindo os nove bairros que compõem o grande Pinheirinho. Achamos que uma das alternativas seria também a retirada dos trilhos, mesmo porque é bastante raro o movimento das composições de máquinas da FTC”, disse o presidente da entidade, Arilton Mezzari.
Problemas
Já para a secretária da associação e professora Josiane Cardoso, os problemas com a ferrovia são variados. “Há muitas reclamações dos moradores por vários motivos, desde os barulhos aos acidentes. O barulho, especialmente durante à noite. Acidentes, dificuldade dos deficientes. Além disso, a vibração pode danificar as estruturas das casas próximas à ferrovia. A poluição sonora e do ar. A presença de uma ferrovia pode afetar o valor das propriedades próximas, tornando-as menos atraentes para compradores em potencial”, lembrou a professora.
O trânsito também foi lembrado por outro trabalhador que usa diariamente as ruas do bairro e que algumas vezes já foi prejudicado pela ferrovia. “Os trilhos atrapalham muito o fluxo dos veículos, especialmente nas horas de pico. O grande problema é que temos muitas escolas e universidades como a Unesc. Então na hora do pico, a tarde o trem atrapalha o trânsito e acaba formando uma grande fila e dificulta o acesso para chegar nas universidades. Se forma uma grande fila na rua Imigrante Meller que da acesso a Unesc. Fora ainda os acidentes de trânsito. Com a retirada dos trilhos pode desafogar o trânsito”, disse o metalúrgico, Jean Feltrin Ortolan.
Melhorias
Outro residente do bairro Pinheirinho lembrou também que um dos problemas enfrentados diz respeito à segurança do bairro. “Para nós moradores é excelente ideia, sabemos que um projeto deste demora e também é complexo. Mas melhoraria em muito nossa situação, devido ao ponto de consumo de drogas. Também tem muitos andarilhos, infelizmente. A retirada dos trilhos traria mais segurança aos moradores e comerciantes. Hoje se fazer uma pergunta a qualquer empresário se abriria uma loja na Santa Luzia ou no Pinheirinho, todos responderiam Santa Luzia, pois o Pinheirinho não tem segurança”, afirmou o controlador de agropecuária, Juliano Pereira Arns.
O que diz a Ferrovia Tereza Cristina
Procurada pela reportagem do jornal Tribuna de Notícias, através da assessoria de imprensa, a concessionária disse que a FTC recebeu o requerimento e responderá nesta segunda-feira à Câmara. Lembrando que a FTC é somente a concessionária e o Poder Concedente é a União.
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