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Criciúma
sexta-feira, março 29, 2024

Taxa de ocupação dos leitos cai, mas atenção e cuidados continuam

Criciúma/ Içara

Os números têm baixado expressivamente. Apesar disso, a atenção continua. Nas últimas semanas, a taxa de ocupação dos leitos direcionados para o tratamento da Covid-19 diminuiu, bem como os casos ativos e de novos infectados pela doença. Entretanto, os cuidados devem ser mantidos, visto que apenas 47,26% da população brasileira, conforme dados mais recentes do Mapa da Vacinação, recebeu a primeira dose do imunizante.

Os dados colocam o Sul como destaque em Santa Catarina. Após a força da última onda de infecções, que colapsou o sistema de saúde, agora, a taxa de ocupação na região é a menor do Estado, com 34,29% dos leitos Covid-19 utilizados. Em números, dos 140 espaços ativos, 48 estão ocupados por pacientes que buscam se recuperar do coronavírus. Logo atrás vem a Grande Florianópolis, que atingiu 36,43% e Meio Oeste e Serra Catarinense, com 47,92%.

Nos principais hospitais que atendem via Sistema Único de Saúde (SUS) na região, os números também apresentam queda. No São Donato, em Içara, apenas 50% dos leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão ocupados, sendo que há 10 vagas no total. Na enfermaria, 20% da capacidade total está sendo utilizada. “Diminuiu bem. Nas últimas duas semanas, despencou o número de internações e de casos”, comenta o diretor-técnico da unidade, Marcelo Vinhas.

O profissional atribui a queda das internações e dos novos casos à baixa momentânea da última onda. “Acho que é só a sazonalidade do vírus. Já tivemos outros picos e descidas ao longo da pandemia e acho que esse é um caso. A vacinação ainda não deu tempo de fazer a imunização que a gente espera”, frisa Vinhas. “Na verdade, ainda estamos esperando uma nova alta [de casos] pela variante Delta. Estamos observando outros países que estão com a vacinação ampla, eles estão tendo novos surtos, não como o último, mas estão tendo”, completa.

No Hospital São José, de Criciúma, há 17 pacientes hospitalizados em leitos de UTI para tratamento de Covid-19, o que representa 48% da capacidade total. Já na enfermaria da unidade, há 21 pessoas internadas das 120 vagas à disposição, caso haja necessidade. “Sabendo que é uma pandemia e que ela veio em picos, esse é um indicativo e não se sabe a causa exata disso, mas o grande impacto da queda é o efeito da vacinação”, enfatiza o diretor-técnico do São José, Raphael Elias Farias.

Com a imunização dos grupos prioritários, já é possível avaliar os resultados na prática. “Se vê, inclusive, uma diminuição da faixa etária de internações. O que se via no início, pessoas acima de 50 anos, hoje, meio que inverteu a curva, são pacientes próximos a 40, 50 anos. Essa mudança já traduz que a população vacinada com duas doses efetivas já traz esse reflexo”, acrescenta Farias.

Apesar dos números trazerem alívio à população, ainda não é momento para relaxar. O principal motivo: a nova variante Delta, que trouxe reviravoltas em muitos países que já tinham afrouxado as restrições que combatiam a doença. E ela é temível, já que apresenta um risco maior de transmissão. Originalmente conhecida como B.1.617.2, a cepa é responsável por mais de 80% dos casos recém-diagnosticados nos Estados Unidos.

“Essa nova onda é a que todo profissional de saúde teme, sabendo que em outros países já tem um aumento da curva com a variante Delta. É uma preocupação que a gente tem do ponto de visto regional, estadual e nacional. Mas, o comportamento da variante Delta, pelo o que vimos em outros países, não tem tanto aumento de internações e óbitos. Claro, vai aumentar, mas não proporcionalmente em relação ao número de casos ativos e mortes. A mortalidade parece ser um pouco menor”, avalia Farias.

Dados mais recentes de Criciúma

Conforme dados mais recentes da Secretaria de Saúde, o município de Criciúma tem 178 pessoas ativas com coronavírus e 36.387 pacientes recuperados. Ainda há seis residentes com suspeita da doença e que aguardam o resultado do exame para confirmação. Quanto às internações, há 63, entre leitos em enfermaria e Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os números de hospitalizados também se referem a moradores de outras cidades da região. Foram registrados, até ontem na Capital do Carvão, 627 óbitos por Covid-19.

Queda é reflexo da vacinação

De acordo com o pneumologista Renato Matos, os números são resultados do processo de imunização no país. “O que está acontecendo em Santa Catarina, acontece no Brasil inteiro. Está havendo uma queda e certamente isso é reflexo da vacinação. Sem dúvida nenhuma. A preocupação, agora, é se vai chegar aqui variante Delta”, explica.

Ainda conforme o pneumologista, a variante Delta já é predominante em boa parte dos países do Hemisfério Norte. “Tudo que aconteceu lá em cima, aconteceu aqui embaixo também. Então porque não vai chegar ao Sul? No início, quando começou a pandemia, as pessoas diziam que não chegaria por causa do calor, mas veio igual. As variantes são donas do campinho”, acrescenta Matos.

Com a cepa P1 em baixa circulação, abre-se espaço para outras variantes.  “A preocupação se for a Delta, é que tem trabalhos que mostram que a eficácia da vacina com uma aplicação é na faixa de 30% só. Então nos Estados Unidos, aqueles estados que estão com a alta faixa da vacinação completa, o número de casos aumentou, mas são leves. Nos estados que tem baixa faixa da imunização completa, aumentou muito o número de internações e de mortalidade também”, alerta Matos.

Dia dos Pais traz preocupação

A grande preocupação ainda é a falta de cuidados em meio à pandemia e o ritmo de vacinação. “O problema no país é que o percentual de duas doses aplicadas é muito baixo, está entre 20 e 25%. Hoje, se chegar a Delta aqui com força, principalmente agora que temos agora o Dia dos Pais chegando, tem-se o risco de entrar essa variante e nós termos uma nova onda”, acrescenta o pneumologista.

E os cuidados que iniciaram há mais de um ano devem seguir sem restrições. “Apesar de estarmos extremamente felizes com essa queda, temos que nos manter atentos. Por mais cansados que nós estejamos, temos que continuar e manter as medidas de isolamento. Estamos correndo um risco muito grande se esse Delta chegar e fizer um estrago, considerando o percentual de pessoas que estão vacinadas de forma completa no país”, finaliza Matos.

 

 

 

 

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