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sexta-feira, abril 19, 2024

Manifestantes promovem ato ciclístico em defesa do Morro do Céu

Aproximadamente 100 pessoas, entre ciclistas e pedestres, participaram do 1º Ato Ciclístico em defesa do Morro do Céu na manhã desse sábado, dia 21, em Criciúma. A concentração teve início na Rua da Gente, ao lado do Parque das Nações, e prosseguiu até a Praça Nereu Ramos, no centro. A ação foi promovida pelo movimento Salve o Morro do Céu, que surgiu após o Governo de Criciúma, em fevereiro deste ano, revogar a Lei Municipal n.º 5.207, de 2008, que criou o Parque Morro do Céu como uma área de preservação permanente.

“Essa decisão permite que uma boa parte do morro seja privatizada, recebendo especulação imobiliária. O movimento luta contra isso, luta pelo Parque Morro do Céu, que agora não existe mais legalmente. Que essa área seja efetivamente preservada e demarcada”, comenta Erick Cardoso, ativista ambiental e um dos organizadores do evento.

Cardoso destaca que a lei foi criada após uma grande pressão popular em 2007, e que, por isso, é importante que a comunidade local volte a abraçar a causa. O movimento começou com moradores das proximidades do Morro do Céu, no bairro Ceará, e aos poucos vai se espalhando entre os criciumenses. Cerca de 100 pessoas já participam do grupo.

“Esse primeiro ato veio para mostrar o movimento, para mostrar que estamos acordados e que não vamos deixar o Morro do Céu ser desmatado. A nossa intenção é pelo menos uma vez por mês fazer uma mobilização que seja vista. O que faltou para que a lei fosse revogada foi a opinião popular, não houve consulta pública. O tema envolve vários moradores, vários ecossistemas. Essa reação veio para mostrar que o povo precisa opinar e acredito que sim, poderemos mudar o destino do morro”, ressalta.

Via jurídica

Além das manifestações públicas, o movimento Salve o Morro do Céu também conta com uma equipe jurídica empenhada em retomar o espaço como um parque ambiental. O grupo pretende entrar com uma ação através do Ministério Público. “A população precisa saber da importância que a preservação do Morro do Céu tem”, comenta Júlio Bittencourt, um dos líderes do movimento.

Ele enalteceu a aceitação da comunidade local que presenciou o ato deste sábado. “Quando chegamos na Praça Nereu Ramos o pessoal nos aplaudiu. Muita gente começou a acompanhar o trajeto a pé. No centro, distribuímos mudas nativas do morro para a população, além dos nossos panfletos e adesivos. A adesão foi muito grande, nos surpreendeu positivamente”, salienta.

Bittencourt é morador do bairro Ceará e desde a infância costumava frequentar o espaço. “Eu cresci ali. A gente ia para brincar de cipó, andar de bicicleta. Indo além da questão da biodiversidade, tem o fato de ser um espaço didático que as escolas podem aproveitar, ser uma opção de lazer”, frisa.

Relembre

Em janeiro, a Prefeitura de Criciúma encaminhou um projeto à Câmara de Vereadores solicitando a revogação da Lei Municipal n.º 5.207, de 2008, que criou o Parque Morro do Céu. A proposta foi validada Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) e, em fevereiro, aprovada pela maioria dos vereadores criciumenses. A justificativa do Governo Municipal era evitar possíveis indenizações no valor de R$ 150 milhões para proprietários com terras no local.

Dos cerca de 83 hectares, ficou decidido que cerca de 30% seguem com o Município e continuarão preservados e destinados a atividades de educação ambiental. “Tivemos que tomar essa decisão para não ter que desembolsar mais de R$ 150 milhões. Esta foi a alternativa encontrada e tivemos o aval do Conselho do Meio Ambiente. Mais de 30% da área continua pertencendo ao município e um outro espaço, bem planejado, vai ser efetivado. Ganha o meio ambiente e ganha o município”, declarou, à época, o prefeito Clésio Salvaro.

Contraponto

Por outro lado, o movimento Salve o Morro do Céu afirma que a área compreende um dos poucos fragmentos de mata preservados na cidade, desempenhando uma importante função socioambiental por meio de seus serviços ecossistêmicos.

Os ativistas destacam que, dentre as tantas contribuições, a vegetação ajuda a conter cheias e reduz os impactos do excesso de cimento e asfalto que potencializam o calor no ambiente urbano. Há igualmente várias nascentes no local, uma delas do rio Linha Anta, afluente do rio Urussanga, e outras que contribuem para a formação do rio Criciúma e na produção de água. “A reversão da situação atual e consequente manutenção do parque representará a continuidade dos fluxos ecológicos, também em benefício da flora, da fauna e da qualidade do ambiente urbano”, afirmam.

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