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terça-feira, abril 23, 2024

Iniciativa possibilita próteses dentárias em Içara

Tiago Monte
Içara

As pessoas que não têm condições financeiras de pagar por uma consulta com um dentista podem procurar o serviço público. Nos municípios, são oferecidos diversos serviços de saúde bucal, inclusive a colocação de próteses. Em Içara, a meta é possibilitar 600 próteses por ano, através de recursos federais do Sistema Único de Saúde (SUS).

Mensalmente temos que realizar, ao menos, 20 próteses e não mais que 50 próteses. Esse valor é destinado para isso. Fazendo ou não, esse recurso estará lá, mas a gestão, baseada em levantamento que temos, resolveu aplicar esse dinheiro em próteses dentárias”, explica o coordenador da Atenção Especializada em Saúde de Içara, Gustavo de Jesus. Ele apresenta uma preocupação com a saúde bucal da população.“Apesar de estarmos em 2021, a saúde bucal ainda está muito longe da perfeição”, destaca.

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O Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) de Içara atende pacientes que são encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Os dentistas atendem pela manhã. Durante a tarde, são feitos moldes para as próteses. “O paciente vai até a Unidade de Saúde e o dentista faz todo o tratamento prévio: restauração, extração ou tudo o que for necessário. Todo o tratamento é feito e depois o paciente é encaminhado para a prótese”, explica Gustavo.

Para evitar favorecimento a algumas pessoas, os agendamentos para atendimentos e confecção de próteses são feitos pelo sistema de regulação do município. “O paciente é atendido umas três ou quatro vezes. Na primeira vez, ele tira o molde, depois faz ajustes na prótese e o molde vai para o laboratório. Depois volta o molde, o paciente escolhe o tamanho do dente e encaminha para finalização”, diz.

O trabalho é realizado com excelência, como em um consultório particular. “Eu brinquei ainda com o dentista: o paciente, às vezes, tem histórico de ter o dente pequeninho. Então, ele coloca o dente proporcional, não vai colocar muito grande senão fica grande demais. É um serviço bem diferenciado”, comenta Gustavo.

Padrão de serviço oferecido é alto

O coordenador reforça a qualidade do serviço oferecido pelo CEO. “A gente busca manter um padrão alto. Os fornecedores seguem a qualidade exigida. Eu trabalho no SUS há 20 anos e procuro sempre oferecer o melhor serviço para a população. Esses dias, entregamos uma autorização, por coincidência, para um funcionário que trabalha com a gente na Secretaria”, pontua. “O pai e a mãe de um funcionário que iriam passar pelo serviço. Imagina se é o teu pai ou tua mãe, né? Não é porque o serviço é do SUS que precisa ser ruim. O projeto é caprichado”, reforça o coordenador.

As próteses são compradas através do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS) da Amrec. Os laboratórios são conveniados e atendem a demanda. “São clinicas de Criciúma e Forquilhinha. A gente pega de poucos fornecedores para manter o padrão de qualidade. Os laboratórios são bem cuidadosos e mantêm o alto padrão. Afinal, não é porque é do SUS que precisa ser ruim”, comenta.

No serviço oferecido, em Içara, os dois dentistas que atendem a população são especialistas na área. “Os dois são funcionários concursados e depois de atender e fazer os ajustes, tem a prova e ajustes finais. O paciente sai praticamente com a prótese colocada. Às vezes tem um reparo pequeno ou algum desgaste, mas nada demais”, diz. “Se o paciente começou a usar, deu 30 dias e machucou, ele volta no CEO para fazer o ajuste”, finaliza Gustavo.

Mais que um projeto de saúde

A iniciativa içarense é considerada mais que um serviço de saúde, pois lida com a estética e autoestima dos pacientes. “Têm as pessoas que possuem prótese há 30, 40 anos. Então, a estética está prejudicada, obviamente. Outras pessoas não tiveram acesso à uma prótese porque não tinham condições de adquirir. Várias pessoas de 40 e 50 anos, nunca conseguiram ter uma prótese em função da falta de condições financeiras. Hoje, só não tem quem não quer. Eu poderia dizer isso”, diz o dentista Rodrigo Porto, que trabalha há nove anos no CEO e exerce a profissão há 28 anos – tempo que está na prefeitura de Içara.

A felicidade das pessoas que recebem a prótese emociona o dentista. “É exatamente isso: a realização pessoal do paciente é a mesma do dentista. O mesmo sentimento. Não é só o retorno financeiro, no final do mês, que te faz vir trabalhar todos os dias. O próprio bem estar e fazer o bem às outras pessoas também move a gente”, pontua.

Rodrigo ressalta que a colocação da prótese motiva até a mudança de visual das pessoas. “Têm pessoas que, após a colocação das próteses, mudam a aparência. Têm homens que usam barba há 20, 30 anos para esconder os dentes e a boca. Ou quando ele sorria, a prótese era muito feia, desgastada, quebrada, colada por não ter condições de trocar. A hora que faz a nova, a primeira ação é tirar a barba. Têm vários casos assim”, ressalta.

Auxílio disponível para todas as pessoas

Todas as pessoas podem fazer uso do serviço odontológico dos municípios. Basta procurar a unidade de saúde do seu bairro. “O acesso é bem fácil: todas as pessoas que tiverem necessidade de uma prótese total ou parcial, que são alguns dentes, é só ir na unidade do bairro em que mora, consultar com o dentista e ele mesmo já encaminha, de forma bem fácil. Vai para o banco de agendamento, o Siseg, que, atualmente, centraliza tudo. É um banco de dados que evita preferências a determinadas pessoas ou interesses”, diz Rodrigo.
Os serviços do SUS facilitaram o acesso da população ao dentista pelo SUS. “Há uns anos era bem complicado, mas hoje está mais fácil: é só chegar na Unidade de Saúde e o que tu precisares já é encaminhado. Precisou de um tratamento de canal, cirurgia ou tratamento peridental de gengiva ou osso, fazer prótese… Tudo tem. Praticamente tudo é contemplado e com uma celeridade bem razoável. Não tem mais aquele negócio de esperar um ano ou dois. Pode até acontecer, mas é raro”, finaliza.

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