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quinta-feira, março 28, 2024

Garota de Yde: a múmia de 2 mil anos encontrada num pântano

Era 12 de maio de 1897 quando dois trabalhadores acharam que tinham visto um demônio. Eles limpavam a turfa de um pântano de Stijfveen, próximo à Aldeia de Yde, na Holanda, no momento em que um cadáver deformado, de aparência enegrecida e cabelos ruivos de uma garota, emergiu da lama.

Após fugirem do local, os homens retornaram para enfrentar o medo de serem presos, que era maior do que do cadáver. Então, eles lançaram uma corda ao redor do pescoço da menina e a içaram para fora da turfa.

Em terra firme, eles notaram que ela tinha apenas um ferimento de faca na clavícula, provavelmente a causa de sua morte. Contudo, no momento em que o prefeito da vila a encontrou, apenas 9 dias após seu descobrimento, muito de seu cabelo e seus dentes estavam faltando. Ele também teve que coletar os restos mortais da lama, como o pé, mão e pélvis, que foram todos entregues aos funcionários do Museu Drents para investigação.

Até aquele momento, ela já estava sendo chamada Garota de Yde.

O que aconteceu

Foi só em 1992 que o professor Richard Neave, da Universidade de Manchester, pôde fazer uma datação por radiocarbono do crânio da garota, assim identificando-a como uma jovem com cerca de 16 anos, que viveu entre 54 a.C. e 128 d.C., portadora de escoliose devido a uma curvatura debilitante de sua coluna. Ele também notou que seu pé direito estava anormalmente inchado quando ela morreu. A jovem ficou preservada mesmo após 2 mil anos na lama devido ao ácido tânico presente na turfa, transformando-a em uma múmia do pântano.

O rosto da Garota de Yde só foi reconstruído em meados de 1994, ganhando fama internacional. No entanto, o motivo de seu assassinato permaneceu incerto até o estudo de Dr. Roy van Beek, da Universidade de Wageningen, publicado em 2019 no Sage Journal, apresentando dois palpites:

Em ambos os casos, ficou claro que a jovem foi morta por estrangulamento ou pela facada em sua clavícula, então restava saber o porquê do ocorrido. A primeira teoria sugere que ela foi transformada em uma múmia do pântano por ter vivido contra as normas do que era costume na época ou cometido algum ato criminoso, como adultério.

A segunda hipótese, a mais atraente para os cientistas, é de que ela tenha sido sacrificada em um ritual, visto que não existem evidências suficientes que confirmem que a menina tinha marido. Além disso, suas deformações e deficiências, como a escoliose, fizeram dela para os povos daquela época uma candidata perfeita para um sacrifício.

“A menina deve ter nascido em um assentamento próximo ao cume de Yde, pois seu corpo foi deixado em um pântano pequeno e relativamente raso — a uma distância de cerca de 1 quilômetro”, determinou Beek.

Ainda há uma discussão sobre se o cabelo da Garota de Yde foi removido por aldeões do século XIX ou se caiu devido à exposição parcial ao oxigênio.  Atualmente, os restos mortais da múmia estão em posse do Museu Drents, em Assen, na Holanda, e os pesquisadores ainda tentam entender o que aconteceu com ela em vida.

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