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quinta-feira, março 28, 2024

Criciúma: Após as lesões, a busca pelo índice olímpico

Tiago Monte

Criciúma / São Paulo

O ano de 2021 é de retomada para Ana Cláudia Lemos. A atleta de 32 anos sofreu com lesões, desde 2018, e também com a pandemia, que impediu ela de competir em 2020. Agora, de volta ao time da S.R. Mampituba / DME Nova Veneza / FME Criciúma, ela mira o índice para as Olímpiadas de Tóquio. “Eu ainda estou na briga pelo índice dos 100 metros rasos, que é 11s15. Quero tentar obter o índice individualmente”, comenta Ana.

Outra esperança para a atleta é a participação nos 4×100 metros. A equipe brasileira está na liderança do ranking de vagas. “Estamos dependendo do ranking. Como, no Mundial, a menina da nossa equipe acabou pisando na linha, nós não conseguimos classificar diretamente. Agora, estamos aguardando para tentar a classificação pelo ranking. São três ou quatro equipes para duas vagas. Estamos liderando o ranking por vagas”, explica.

Ana Cláudia já participou de três Olimpíadas. “Estou buscando a quarta. Estive em Londres, 2012, e chegamos à final do revezamento. Nós batemos o recorde Sul Americano. Em 2016, eu estava na Olimpíada, mas, 10 dias antes da minha prova, eu acabei tendo uma lesão”, lembra. A primeira participação foi em Pequim 2008. “Nós fomos bronze no revezamento 4 por 100, mas eu não corri porque eu era reserva”, diz.

Mesmo que não consiga o índice para as Olimpíadas de Tóquio, Ana não cogita abandonar a carreira. “Não vou me aposentar agora. Vou para Paris: é lá que eu me aposento. Lá, nas Olimpíadas de 2024, eu estarei com 35 para 36 anos. Por mais que eu não vá para as Olimpíadas deste ano, eu não vou parar. Tenho algumas metas individuais”, explica.

Lesão grave no tornozelo quase abrevia a carreira

Em maio de 2018, quando fazia parte da equipe do Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo e um dos maiores do Brasil, Ana Cláudia sofreu uma grave lesão: ruptura no tendão de aquiles. A partir de lá, iniciou a batalha pela volta às competições em alto nível. “Quando aconteceu, não tinha muito o que fazer. O protocolo mínimo é de seis meses e, alguns atletas, nem retornam ao alto nível. Eu não precisei de enxerto, pois seria um pouco mais grave e difícil ainda”, lembra.

O médico garantiu a volta às pistas. “Eu tinha perguntado ao meu médico se eu retornaria ao esporte, senão encerraria minha carreira e ele disse: ‘tu vais voltar. Só dá o tempo de recuperação’. Com quatro meses e meio, eu estava retornando às pistas. Logicamente que com uma carga de treino muito menor”, lembra.

O segundo desafio iniciou aí: a busca pela alta performance. “A gente foi cuidando do corpo porque desalinha muito. Com cinco meses retornei às pistas. No último mês, era um protocolo de treinamento muito reduzido e, mesmo assim, como desajustam outras musculaturas do corpo, eu fiquei sofrendo com lesões no músculo posterior da coxa, sentia meu quadril torto, mas tudo isso por falta de prática. Foram seis meses sem intensidade e os 100 metros são extremamente explosivos e com potência. Então, ainda tinha esse agravante”, destaca.

Pandemia impede uma evolução mais rápida

No final de 2019, Ana Cláudia se sentia bem preparada fisicamente e buscaria, em 2020, atingir os objetivos da carreira. Porém, veio da pandemia.“No ano passado, eu fiquei só treinando e não tinha competição. Mas não era treinando em pista: era em alguma rua de São Paulo. Em algum período, eu estive em Criciúma também buscando opções para me manter ativa”, diz.

 

Neste momento, a atleta busca um “ajuste fino” no desempenho.  “Agora é ritmo de competição e corrigir alguns detalhes, porque quando você fica muito tempo sem competir, acabar perdendo o feeling de situações que você precisa praticar. Só se melhora praticando. E é isso que está acontecendo comigo: estou bem fisicamente, mas preciso praticar mais alguns quesitos que eu dominava. Por exemplo: saída de bloco. É algo que eu sempre dominei muito bem, mas preciso dar mais uma atenção para a largada”, explica. “Estou errando coisas que eu não fazia, mas que também é normal pela falta de prática e competição. Eu competi algumas vezes, mas, para uma atleta de alto nível, precisa se competir muito mais, mas não temos mais opções de competição”, completa Ana Cláudia.

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