16.8 C
Criciúma
quinta-feira, abril 25, 2024

Pubs acompanham crescimento do setor

Geórgia Gava e Thiago Oliveira

Criciúma

De nada adianta produzir uma boa cerveja, se não tiver um lugar onde ela possa ser apreciada. E assim como o número de cervejarias, a quantidade de pubs também cresceu na região. Um deles é o Queen’s House, no bairro Comerciário, em Criciúma.

O espaço, inspirado nos pubs ingleses, também surgiu como resultado do amor pela cerveja.  “Começamos fazendo cerveja em casa, vendo na internet que dava para fazer. É quando você descobre que podia fazer vários tipos de cerveja. Podia fazer de trigo, escura, forte, fraca, amarga, alcoólica. Depois comprei uma Kombi e fizemos um ‘beer truck’. Colocamos torneiras de chope e começamos a levar em eventos. Foi a primeira vez que ganhei dinheiro com cerveja”, conta Alexandre Milanez, um advogado que largou o ofício para se dedicar ao ramo.

Da Kombi, veio a ideia do pub. O plano era montar um lugar em que o carro-chefe fosse justamente a cerveja. E com destaque para as produzidas na região. “A gente dá prioridade para as cervejarias locais. Se for ver, 80% é de cervejarias aqui ou de Criciúma ou pelo menos no Sul do Estado”, revela.

Mas o empresário garante que a valorização ao que é produzido no Sul vai muito além do bairrismo. É uma questão de qualidade. “Geralmente, o pessoal não pede pela cervejaria. Ele toma uma IPA da Hells, pergunta de onde é, e quando eu digo que é de Criciúma, e ele fica espantado. E eu gosto de fazer propaganda para eles. Alcatraz também tem excelentes cervejas. A Nose Mustache tem quase uma torneira cativa aqui. Muita gente se surpreende”, revela. “E o legal é que as cervejarias de Criciúma têm uma ou duas cervejas que são o carro-chefe deles. E ninguém fica copiando o estilo”, completa.

Mercado com muito a evoluir

Milanez já conhece o gosto do público. A cada dia, vê aumentar o número de pessoas que buscam as cervejas artesanais. Mas garante que é um mercado que ainda tem muito a crescer. “Ainda tem um pessoal muito receoso. Tem gente que diz que é ruim, mas é porque não soube experimentar cerveja artesanal na primeira vez. Sempre tomou Pilsen a vida inteira. Daí oferecem uma IPA, amarga. Ele toma e acha horrível. E para tirar da cabeça não é fácil. O correto é sair da Pilsen, e ir para uma de trigo, uma Weiss. De lá, ele vai querer provar uma mais amarga. Vai para uma APA primeiro, depois uma IPA. Depois vai em uma escura mais alcoólica, como uma Stout. Um dia ele vai experimentar e vai gostar. Não pode achar que ele vai chegar aqui e tomar a mais extrema possível”, analisa.

Um rótulo próprio, com as bênçãos da rainha

Apesar de não fabricar, a Queen’s também tem uma cerveja própria. É a Golden Queen, rótulo próprio do pub, que é produzido pela Alcatraz. E que também já caiu no gosto do consumidor. “Conversamos para fazer uma cerveja nossa. Não queríamos pegar uma muito leve. Tinha que ter sabor, mas também não queríamos fazer uma muito radical. Então o pessoal da Alcatraz, que é muito amigo, disse que tinha uma receita de uma Golden Ale. Seria uma cerveja leve, porém com certo malte, um corpo, um pouco de cítrico. Experimentamos e pensamos: é essa mesma. Fizemos primeiro em lata, e agora começamos no tap para servir em chope. E a aceitação está muito boa. A gente aproveita que o pedido é servido no tablet e coloca que é a cerveja da casa e o pessoal acaba tomando a noite toda. Tem gostado bastante”, frisa.

E o empresário adianta que no próximo ano, o local deve receber mais um rótulo exclusivo. “Temos ideia de fazer mais uma. Uma cerveja mais escura, mais alcoólica, como uma cerveja de inverno, mas que não seja muito pesada. Estamos pensando em uma Brown ALE, ou até uma Stout mais tranquila, ou até uma APA, onde entraríamos na casa das lupuladas. Mas vamos deixar para o ano que vem”, adianta.

Mas mesmo com o sucesso do rótulo próprio, a Queen’s deve continuar como uma cervejaria “cigana”, que é aquela que terceiriza a produção. “Como tem várias cervejarias na região que faz esse tipo de trabalho, é mais vantajoso para a gente. Eles têm a técnica, a sabedoria, porque fazer cerveja não é fácil”, finaliza o empresário.

Últimas