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terça-feira, março 19, 2024

Araranguá: alimentos orgânicos, um projeto de futuro

Gustavo Milioli

Araranguá

Ajudar a transformar o mundo em um lugar melhor. Essa foi a vontade que fez Agenor Casagrande Júnior, o Juni, virar um produtor de alimentos orgânicos. Após ‘fazer de tudo nessa vida’, como ele mesmo conta, o forquilhinhense decidiu entrar em um ramo desconhecido, focando na alimentação saudável das pessoas e na preservação da natureza.

“Já fui vereador em Forquilhinha, tive mercado, comércio, fui construtor… Eu queria fazer alguma coisa que pudesse contribuir com o meio ambiente, a minha preocupação era essa”, comenta. Desde 2017, ele mantém uma produção de cinco hectares de bananas orgânicas na localidade de Espigão da Pedra, no limite entre os municípios de Araranguá e Criciúma.

Sem experiência, Juni estudou a fundo para entender melhor o assunto. “Procurei ajuda, pesquisei bastante, eu não tinha noção nenhuma. Desde o início eu não uso qualquer tipo de agrotóxico ou defensivo. Só fui conseguir o selo no mês passado, depois de mais de três anos de trabalho”, pontua.

Este selo é um certificado de qualificação emitido pela Associação Generoso Frutas Orgânicas, de Timbé do Sul, em conjunto com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), que analisam criteriosamente o solo da propriedade para conceder o título.  Antes, as bananas produzidas no Espigão da Pedra eram vendidas ao lado das convencionais, mesmo sendo orgânicas. Com a oficialização de produtor orgânico, agora os produtos ocupam um espaço especial nos supermercados.

Um gosto mais saboroso

O sabor da fruta é diferenciado. “A banana orgânica é mais saborosa, é um pouco mais doce, porque é um processo natural. Não se usa venenos ou agrotóxicos, apenas o esterco de gado para adubar a terra”, explica.

Juni precisou ser paciente para conseguir rentabilizar o negócio. Como em qualquer empreendimento, o início foi difícil, mas, à medida que foi adquirindo mais conhecimento, tudo se ajeitou. “Nada nasce do dia para a noite. Eu comecei há três anos, me organizando, naquela época não era lucrativo. Quando eu comecei a vender o valor era bem baixo. Depois eu comecei a caprichar, cuidar um pouco mais, fui pesquisando. A qualidade do produto melhorou, ampliei a plantação e hoje é um negócio que rentável”, detalha.

O processo é mais trabalhoso em relação aos bananais tradicionais. “Quem planta banana convencional passa o veneno e ela vai ficar ali durante o ano todo. Já nós precisamos três vezes por ano ir até o bananal. Exige uma atenção maior”, frisa.

As produções de Juni são vendidas para a Associação Generoso Frutas Orgânicas, que faz a distribuição para os supermercados de diferentes regiões de Santa Catarina. O agricultor acredita que cada vez mais a preocupação com a alimentação saudável aumentará perante a sociedade. “Não tenho dúvidas disso. A procura já está além do normal, os próprios mercados já estão se enquadrando em ter esses alimentos de mais qualidade nas prateleiras”, afirma.

Projetos futuros

Com o bananal consolidado, Juni planeja ampliar a lavoura com outros tipos de culturas. Ele batizou sua propriedade de ‘Estância do Monte’ e já criou até uma identidade visual com logotipo. Satisfeito com os resultados, ele reitera que não ingressou no negócio visando o lucro, mas um bem maior.

“Se fosse só pelo dinheiro, eu não teria entrado lá no começo. Foi pensando na qualidade de vida, estou feliz em contribuir com a saúde das pessoas e do meio ambiente. Estamos tentando fazer a nossa parte como cidadão, pensando no futuro”, destaca.

O sítio possui ao todo 20 hectares de terra e um grande espaço disponível para novas lavouras. “A Epagri está me ajudando muito com o planejamento. Tenho a ideia de começar a produzir vinho a partir de uva orgânica, porque o local fica em um morro próximo ao mar. Acompanhei uma palestra na Epagri de Urussanga sobre a Uva Goethe, que é muito propícia para a nossa região e que com certeza daria certo. Em breve teremos novidades maiores”, finaliza.

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