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Criciúma
quarta-feira, abril 24, 2024

Dia das Crianças: os desafios dos pequenos com a Educação na pandemia

Gustavo Milioli
Criciúma/Especial

Um dos setores mais abalados pela pandemia do novo coronavírus foi a Educação. De um dia para o outro, as aulas presenciais foram suspensas e os alunos mandados para casa. Professores que nunca haviam tido experiências no ensino à distância (EAD) precisaram se adaptar rapidamente para dar continuidade ao ano letivo de maneira remota. Os pais foram obrigados a readaptarem seus horários para tomarem conta das crianças.

Após praticamente todo o 2020 ser à distância, neste ano deu-se início ao modelo híbrido, trazendo rodízios entre alunos nas salas de aula. Apenas nas escolas com estruturas maiores foi possível manter a rotina 100% presencial. Quando haviam suspeitas de infecção por covid na turma, tudo era suspenso.

O impacto negativo que 2020 trouxe na aprendizagem dos estudantes não será recuperado agora, ou no ano que vem. Será um processo longo e demorado, que pode levar anos. É consenso entre os profissionais de Educação que o ensino remoto traz prejuízos severos aos alunos.

Foi em meio à pandemia que Daniela Milanez descobriu que a filha sofria de déficit de atenção. Ela precisou se equipar comprando um computador para a pequena conseguir acompanhar as aulas virtuais. “O online não funcionou. O ano passado foi bem complicado. Nesse ano ela voltou a ir presencial, mas na sala dela algumas vezes as aulas tiveram que passar para o online por suspeita de covid. O rendimento do online, infelizmente, é muito mais baixo do que o presencial”, comenta a mãe da Ana Luiza, que está no oitavo ano do ensino fundamental.

O ensino remoto evidenciou os problemas que eram contornados pelos profissionais dentro das escolas. “Foi bem desafiador. Muitas vezes a gente precisou fazer o papel de professor, ajudando com os exercícios e os conteúdos”, externa. Em casa, os estudantes contam com diversos meios de dispersão, que podem acentuar ainda mais a falta de atenção. “Fizemos o diagnóstico junto a uma neurologista e psicopedagoga, após percebermos a queda de rendimento dela”, conta.

Com dificuldades de acompanhar o ritmo da turma no EAD, a mãe tomou a decisão de, assim que fosse liberado o retorno gradual das aulas presenciais, mandar a sua filha para a escola novamente. “Foi com todos os cuidados e com o coração na mão. É muito diferente, o rendimento subiu bastante”, pontua Daniela.

Trabalho triplicado

Se foi difícil para os estudantes assimilarem o conteúdo, para os professores a situação não foi diferente. Com turmas remotas, presenciais e híbridas, a demanda aumentou. “Foi um trabalho triplicado, porque precisávamos enviar os materiais impressos para os alunos que estavam em casa e depois corrigir. Pela internet usávamos o Google Classroom e enviávamos as atividades por e-mail, eles também estudavam praticamente sozinhos. Fora os que estavam em sala”, explica Jaqueline Vitorette, professora de Ciências da rede municipal de ensino de Criciúma.

O retorno 100% presencial nas escolas do município aconteceu com uma defasagem notória. “Sem o professor para dar uma puxada de orelha, em casa, a aprendizagem é nula. Não é fácil, é muito conteúdo. Nesse ano, percebemos que caiu bastante a aprendizagem. Eles voltaram muito mais agitados, com mais conversas. Até tudo retornar ao normal, só no ano que vem”, destaca a docente.

Recuperar a defasagem não acontece de uma hora para a outra. É um trabalho gradual, com um passo de cada vez. “Nosso foco é fazer eles produzirem mais, lerem mais, trabalharem mais. Na sala de aula explicamos o conteúdo, damos exemplos, só que é na prática que se aprende. Isso vale para qualquer disciplina. É o único jeito de minimizar os efeitos da defasagem. Os pais precisam acompanhar os filhos de perto, para verem quais são as maiores dificuldades”, observa Jaqueline.

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