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Criciúma
domingo, outubro 1, 2023

Caso Werlang: Inquérito cita plano de morte, cilada e dinheiro

A investigação sobre a morte do policial civil, Neife Luiz Werlang, de 46 anos, revelou que a filha dele, de 12 anos, e uma amiga, de 13, planejaram uma emboscada, furtaram dinheiro da vítima e dividiram entre amigos após a morte. O crime ocorreu em outubro no município de São Miguel do Oeste, no Extremo-Oeste de Santa Catarina.

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A PC (Polícia Civil) apurou, após três semanas de investigação, que as meninas ficaram escondidas na casa do policial por quase duas horas, esperando a chegada dele do trabalho. Ao entrar no quarto, por volta das 19h15, Neife Werlang foi atacado uma faca e morreu receber sem socorro. O número oficial de facadas não foi revelado, mas fontes dizem que ele teria sido ferido com mais de 20 golpes no tórax, pescoço e abdômen.

Após o homicídio, de acordo com a investigação, as adolescentes furtaram determinado valor em dinheiro que ele guardava em casa e fugiram do local. A quantia furtada não foi revelada pela polícia. Antes da fuga,  dispensaram a faca usada no crime e as roupas com marcas de sangue. Os materiais foram apreendidos, periciados e confrontados com material genérico pelo IGP (Instituto Geral de Perícias).

O dinheiro furtado pelas meninas foi repartido com outros dois adolescentes, colegas delas, segundo a polícia. Com autorizações judiciais, a Polícia Civil fez buscas e apreendeu nas casas deles parte do valor levado. Os dois foram indiciados por ato infracional de favorecimento real.

Foto: Marcos Lewe / Rádio 103 FM/ND

O Inquérito Policial foi concluído no dia 5 e encaminhado ao Poder Judiciário. As meninas foram indiciadas por “atos infracionais análogos ao crime de homicídio qualificado pelo motivo torpe, emboscada e traição, além de furto.”

Imagens de câmeras de monitoramento ajudaram a polícia a desvendar o caminho das meninas antes e depois do homicídio, e concluir que tudo foi planejado.

Homicídio brutal

Neife Luiz Werlang foi encontrado morto na noite de sexta-feira, dia 15 de outubro, em casa no bairro Agostini.  A morte dele foi investigada sob extremo sigilo, inclusive a pedido do Delegado-Geral da Polícia Civil, Marcos Flávio Ghizoni Júnior ao Delegado Regional de São Miguel do Oeste, Wesley Andrade.

Foto: Cristian Lösch/Peperi/ND

Uma fonte exclusiva do ND+ revelou que as adolescentes teriam idealizado o crime inspirado no caso Suzane Richthofen, que planejou  o assassinato dos pais Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen. A polícia não confirmou a informação.

A filha do agente policial pediu à Justiça autorização para comparecer ao velório do pai, o que foi negado pelo juiz com a alegação de que “o caso é de grande comoção social, devendo-se preservar, inclusive, a integridade física da adolescente.”

O despacho do juiz considerou ser “difícil até achar palavras para negar pedido tão impróprio, numa hora igualmente tão imprópria”. O texto diz, ainda, que, “ao desferir as facadas como fez, ela já se despediu do pai.”

O agente Neife Luiz Werlang ingressou na Polícia Civil em junho de 1996. Ele iniciou a função na Comarca de Itapiranga, onde ficou por um ano. Atuou, em seguida, na Delegacia de Comarca de São Miguel do Oeste. Depois, na Delegacia de Polícia da Comarca de Xanxerê e na Divisão de Investigação Criminal de São Miguel do Oeste.

Atualmente, era responsável pelo setor de Alvarás da Delegacia Regional de Polícia de São Miguel do Oeste e responsável pela Delegacia de Polícia do Município de Paraíso. O policial civil foi morto brutalmente e o crime esclarecido. O velório e o sepultamento serão em São Miguel do Oeste.

Foto: Arquivo pessoal/ND

Onde estão as adolescentes?

As duas adolescentes estão internadas no Case (Centro de Atendimento Socioeducativo), em Chapecó, no Oeste catarinense, à disposição do Poder Judiciário.

A SAP (Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa) informou que as duas adolescentes foram apreendidas em São Miguel do Oeste e, no sábado (16) à tarde, já estavam sob responsabilidade do Dease (Departamento de Administração Socioeducativa).

“Ela era o tesouro da vida dele”

“Ela era o tesouro da vida dele. Ele sempre me dizia: ‘eu dou tudo que tenho, mas não dou minha filha’”. Assim descreveu a madrinha e tia do agente Neife Werlang sobre a relação entre pai e filha.

Lucia Werlang Peiter afirmou que a relação entre os dois era de muito amor e amizade. “Quem ama cuida, protege e corrige. E era isso que Neife fazia com a sua filha. Ele jamais maltratou, bateu ou foi carrasco com ela”, lembrou em entrevista à Rede Peperi.

Foto: Cristian Lösch/ND

Ela recordou os bons momentos vividos ao lado da adolescente. “É uma neta que eu ainda não tenho. Ela me amava. Inclusive, tenho os desenhos que ela fez, me colocando ao lado. Uma menina meiga, querida e amiga. Muito brincalhona”, disse a tia, sem ainda entender o que aconteceu na noite do crime.

Para ela, Neife “era seu filho do coração”. “Ele era aquela pessoa que quando todo mundo te abandonava e te condenava, ele chegava e dizia: tia, eu estou aqui”.
Ninguém acreditou
Devido à boa relação da adolescente com a família, Lucia relatou não entender o que motivou o crime. “Quando chegou a informação, pensamos que ele tinha sido assassinado por alguém que queria uma vingança”, comentou.Lucia acredita que o sobrinho entrou em uma emboscada, pois confiava muito na filha. “Jamais imaginava que a pessoa que ele mais amou na vida fosse lhe tirar a vida. Eu penso que ele levou uma surpresa tão grande que não conseguiu se defender”, lamentou.

A familiar confirmou que a menina teria planejado o crime com base no caso em outros crimes, a exemplo do caso Suzane Richthofen, que planejou  o assassinato dos pais Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen, conforme apurou.

“Eu quero deixar bem claro e pedir para que a imprensa pense muito antes de começar a divulgar filmes que pessoas maldosas e satânicas fazem. Por exemplo, fazer filme de alguém que matou pai e mãe ou pessoas da família. Isso incentiva esses adolescentes a quererem ser famosos através de uma tragédia dessas”, alerta.

*Via ND+

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