Adoção: amor unido pelo destino

Conquistas, angústias, obstáculos e alegrias marcam a história do casal Giselle e Cristian e dos filhos Cauan e Luana, que há quase quatro anos se tornaram uma família

Foto: Lucas Colombo/TN

- PUBLICIDADE -

Há momentos da vida em que faltam palavras para explicar a intensidade de uma emoção e a força do destino. Na trajetória da família que Giselle dos Passos Vieira e Cristian Daniel Pereira tanto sonharam em construir não faltam acontecimentos que se encaixam nessa descrição. Há quase quatro anos, a história dos dois ganhou um novo sentido com a adoção de um casal de irmãos: Cauan e Luana, agora com dez e oito anos, respectivamente. De lá para cá, a rotina dos quatro é marcada por aprendizagens, crescimento, união e, o principal de tudo, muito amor.

De acordo com Giselle, até ter os dois filhos, muitos foram os percalços a serem superados, como a angústia da fila de espera, que levou mais de cinco anos. Durante esse período, o casal mudou o perfil de criança desejada algumas vezes, ampliando a idade até cinco anos e se disponibilizando para a adoção de irmãos. No início de 2015, mesmo sem eles saberem, o destino começava a dar os primeiros sinais. “Era perto de um feriado de abril de 2015 e fomos fazer uma visita no abrigo. Enquanto estávamos lá, uma menina, crespinha, toda descabelada, abriu a porta e disse: ‘É hoje que nós vamos embora?’. E veio para o meu colo. Nisso entrou um menino, olhou para o meu marido e disse: ‘Esse é meu pai?’. E já foi para o colo dele. E eles foram absorvendo a gente”, relembra Giselle.

- PUBLICIDADE -

Uns meses depois, finalmente, surgiu a primeira possibilidade de adoção: eram três irmãs, com idade entre nove e três anos, de um grupo de cinco irmãos que seria separado. Apesar do desejo de adotar, Giselle e Cristian precisaram recusar, por não se sentirem preparados para adotar as três. “Passou um tempinho e fiquei sabendo que uma família quis adotar os cinco irmãos. Depois, a Joana (psicóloga do Fórum) me ligou dizendo que surgiu outra situação e que queria conversar com a gente. Ela disse que não deu muito certo o período de aproximação dessa família e que a configuração dos irmãos havia mudado. Agora o grupo seria para duas crianças, uma de cinco e outra de seis anos. Ela mostrou uma foto dos dois e, quando olhei, eram exatamente os dois que nós conhecemos no abrigo! Foi algo sem explicação”, detalha a mãe.

Crescimento conjunto e carinho compartilhado

Durante meses, o casal e as crianças passaram pelo processo de aproximação. Até que, perto do Dia dos Pais de 2015, Giselle e Cristian obtiveram a guarda dos dois irmãos. “Desde então a gente vem crescendo e evoluindo juntos. Eu digo que foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu sou outra pessoa depois disso e meu marido também, porque crescemos juntos. Hoje vejo que eles são crianças muito gratas a vida que têm”, destaca Giselle.

As três irmãs de Cauan e Luana foram adotadas por outro casal e, sempre que possível, todos se reúnem para matar a saudade. Já o dia 12 de agosto passou a ser uma data especial para a família, com direito a bolo e parabéns.

Orientação para quem está na fila

Para quem está aguardando a adoção, o casal compartilha algumas sugestões. Segundo eles, é fundamental respeitar a história das crianças, fazer terapia para entender melhor esse processo de adaptação, ter paciência e pesquisar muito sobre o assunto. “Tem muita gente que faz comentário de que tivemos uma bela atitude e sobre o bem que estamos fazendo para eles. Mas é o contrário. É o bem que eles estão fazendo para a gente”, ressalta Cristian.

Demora está relacionada ao perfil pretendido

De 2018 até agora foram realizadas 12 adoções no Fórum da Comarca de Criciúma, envolvendo desde bebês até grupos de irmãos. Ao todo, 21 crianças encontraram uma nova família e um lugar para chamar de lar.

Segundo a psicóloga da comarca, Joana Patrícia Anacleto de Assis, ainda existem muitas queixas dos pretendentes em relação à demora no processo de habilitação e da fila. “O que tentamos explicar a eles é que o tempo de espera, a partir do momento que entrou no cadastro, está diretamente relacionado ao perfil da criança pretendida. Quanto mais restrito ele for, mais demora essa espera”, explica.

Conforme a psicóloga, ainda há muitas crianças maiores e grupos de irmãos aguardando pela adoção, mas não há pretendentes para elas.

Reflexão antes de tomar a decisão

A psicóloga reforça que a adoção deve ser bastante pensada pelos pretendentes, para que não seja decidida por impulso. “Que eles possam ter plena consciência dessa decisão de adotar, porque precisam se preparar. Precisam refletir até na própria motivação, do porquê adotarem. Para que não seja por caridade ou para substituir um luto de uma criança que não veio biologicamente. Os pretendentes precisam pensar que essa criança traz uma bagagem e que, geralmente, tem uma história de perdas, frustrações…”, ressalta Joana.

-- PUBLICIDADE --
Compartilhar
Em: Criciúma

NOTA: O TN Sul não se responsabiliza por qualquer comentário postado, certo de que o comentário é a expressão final do titular da conta no Facebook e inteiramente responsável por qualquer ato, expressões, ações e palavras demonstrados neste local. Qualquer processo judicial é de inteira responsabilidade do comentador.